Da Folha Online Às vésperas do recesso parlamentar –que começa em 18 de julho e vai até 1º de agosto–, o grupo que defende a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tenta adiar a votação do processo de quebra de decoro no Conselho de Ética da Casa.

Com essa estratégia, o grupo tenta “esfriar” as denúncias contra Renan e conseguir absolver o presidente do Senado dentro do Conselho de Ética.

Nesta quarta-feira, o vice-líder do PMDB, senador Wellington Salgado (MG), vai apresentar um requerimento questionando uma série de procedimentos adotados pelo conselho.

Com isso deverá ocorrer novo debate e mais atrasos no processo. “O que se quer realmente apurar?

Uma vez que o requerimento encaminhado pelo PSOL, pedindo as investigações, sugeria quebra de decoro parlamentar por uma denúncia específica”, reagiu Salgado.

Renan é acusado de usar o lobista Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior, para pagar o aluguel e a pensão de Mônica, com quem tem uma filha fora do casamento.

Para comprovar que seus ganhos eram compatíveis com os pagamentos, Renan apresentou documentos que apontam para um ganho de R$ 1,9 milhão, nos últimos quatro anos, com a venda de gado.

Reportagem do “Jornal Nacional” lançou suspeita sobre esse ganho.

A reportagem contestou autenticidade das notas fiscais de venda de gado apresentadas pela defesa de Renan.

O Conselho de Ética pediu para a Polícia Federal periciar a autenticidade dos documentos apresentados por Renan.

A perícia verificou que Renan entregou notas fiscais com indícios de fraude, além de documentos que apresentam, entre si, uma “diferença” de 511 cabeças de gado na venda declarada, cerca de R$ 600 mil, quase um terço do que ele afirma ter ganho com atividades agropecuárias desde 2003.

Sem relator Em meio às articulações dos aliados e dos contrários à protelação, o processo de Renan continua sem relator.

Após o recuo de Wellington Salgado e da licença médica do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), o caso aguarda definição.

O presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), disse que seria rápido na escolha do novo relator, que vai sair do PMDB.

O líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO), colocou-se à dispoição.

Mas o petista não sinalizou a favor da proposta.

Ainda nesta semana, o conselho deve autorizar a continuidade da realização de perícias nos documentos de Renan, uma vez que a PF (Polícia Federal) informou não ter tido tempo para concluir o trabalho.