Por Roberta Soares Especial para o Blog de Jamildo A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) parece ter encontrado um meio termo para amenizar a polêmica criada sobre a escolha do novo sistema de bilhetagem eletrônica para o transporte público do Grande Recife, que atinge a mobilidade diária de 1,8 milhão de usuários.
A licitação pública que definirá as empresas fornecedoras do novo modelo será desmembrada em duas concorrências: uma para a tecnologia (software) e outra para os cartões eletrônicos.
Dessa forma, o controle da bilhetagem não ficará nas mãos de um único grupo, como acontece desde que o sistema foi implantado no Estado, seis anos atrás.
Outra novidade é que a definição sobre os validadores (equipamentos instalados nos ônibus para fazer a leitura dos cartões eletrônicos) e a tecnologia de comunicação (que permitirá a leitura dos dados dos coletivos para a central do sistema) ficará com os empresários do setor.
Atualmente, as operadoras de ônibus são as responsáveis pelo contrato de bilhetagem eletrônica, com a anuência da EMTU.
No novo modelo, o órgão gestor é quem contratará a tecnologia e os fornecedores dos cartões. “Decidimos dividir a licitação porque, atualmente, a bilhetagem eletrônica evoluiu muito.
Assemelha-se à evolução da telefonia móvel.
Existem várias tecnologias, desenvolvidas por empresas diferentes, que podem se comunicar.
Assim, optamos por desmembrar para reduzir custos para o sistema e, conseqüentemente, para os usuários”, explicou o presidente da EMTU, Dilson Peixoto.
O mesmo argumento vale para a decisão de deixar com os empresários de ônibus a escolha dos fornecedores dos validadores e da comunicação. “A EMTU tem que ter controle da gestão, não de detalhes pequenos da operação. É o mesmo que estarmos dizendo qual tipo de pneu as empresas devem comprar.
Vamos estabelecer o valor máximo que o sistema pagará pelas duas tecnologias e os empresários contratarão, em conjunto ou não, o que acharem melhor”, afirmou Dilson.
Nos bastidores do setor, há quem interprete a postura da EMTU como uma forma de atender, de certa forma, aos interesses dos empresários. “No início do governo Eduardo Campos, quando a licitação iniciada na gestão passada foi cancelada, a intenção da direção da EMTU era deixar que a contratação da nova tecnologia fosse feita diretamente pelo Setrans (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco), sem concorrência pública.
O governador não aceitou e agora eles encontraram essa solução”, ataca um técnico do setor, que não quis ser identificado.
Dilson Peixoto rebate as acusações com o argumento da redução de custos. “Estamos tendo todo cuidado no processo, exatamente para não deixar margens a questionamentos.
Conhecemos modelos de todo o País e decidimos por esse por acreditar ser o melhor para os passageiros”, disse.
O presidente da EMTU também garantiu que os usuários do sistema não terão custos com a mudança da bilhetagem eletrônica. “Vamos trocar os cartões e nossa intenção é que a primeira via seja gratuita para todos os usuários.
Caso o sistema não absorva, o Estado terá que dar um jeito”, garantiu.
Segunda-feira, a partir das 9h, será realizada uma audiência pública no auditório da EMTU, no Cais de Santa Rita, Centro do Recife, para divulgar a proposta das licitações.
A apresentação é aberta ao público e os participantes terão sete dias para fazer sugestões e críticas.
Atualmente, o sistema de bilhetagem dos ônibus do Grande Recife representa um custo de R$ 5 milhões ao ano e a previsão é de que esse valor aumente com a troca de tecnologia.