Embora os deputados que integram a CPI da Celpe insistam que a Comissão não tem motivação política e destina-se à “defesa do consumidor”, será muito difícil escapar do confronto entre governistas e oposicionistas durante as investigações.
Existe pelo menos um fato concreto que pode fornecer o combustível para esquentar o debate: o contrato de privatização da Celpe, firmado no governo Jarbas Vasconcelos.
Aliás, o senador do PMDB já classificou a CPI com as palavras “farsa” e “fraude”, por conta do veto dos governistas ao nome do deputado Augusto Coutinho (DEM) para a relatoria.
No pronunciamento mais forte desta quinta (21), durante a primeira audiência pública da CPI, o líder do governo Isaltino Nascimento (PT), bateu: “Muitas vozes de peso que têm posicionamento e relevância na sociedade pernambucana não foram ao encontro das expectativas da população na questão da Celpe.
Essa temática ficou muito tempo escondida”. “Mas apesar das aves de rapina que tentaram malograr a instalação da CPI, conseguimos dar início aos trabalhos.
De forma democrática, começaremos a desvendar os interesses privados que envolvem a Celpe.
Não se trata de uma disputa entre governo e oposição”, afirmou.
O deputado contou ainda que teve uma única conversa com o governador Eduardo Campos (PSB) sobre a CPI.
E muito antes de sua instalação.
No encontro, adiantou ao governador o interesse da bancada em apurar o contrato de privatização da Celpe.
Segundo ele, Eduardo ressaltou a autonomia dos deputados para atuar e não fez nem fará qualquer ingerência sobre a questão.
PRIVATIZAÇÃO Também para o realtor da CPI, deputado Luciano Moura (PCdoB), o foco da Comissão é apurar a relação existente entre a Celpe e os usuários. “Mas não temos como fugir do contrato de privatização da companhia porque ele é que vai trazer à luz as cláusulas contratuais que lesam interesses do consumidor”, avaliou.
De qualquer modo, para Moura, o fato de que deputados oposicionistas tenham resolvido participar da CPI é mais uma prova de que a Comissão não terá conotação política.
Ricardo Teobaldo e Carlos Santana, do PSDB, resolveram ingressar na Comissão, aceitando convocação do presidente da Assembléia Guiherme Uchôa (PDT) e contrariando orientação do líder oposicionista Pedro Eurico (PSDB).
Raimundo Pimentel, também do PSDB, ainda não decidiu, mas está inclinado a participar.