Do Congresso em Foco Perícia da Polícia Federal sobre documentos apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mostra discrepância entre as notas fiscais de venda de bois e as Guias de Trânsito de Animais (GTAs).
De acordo com a análise policial, as notas fiscais mostram que o senador vendeu 511 cabeças de gado a mais do que o registrado nas GTAs.
A diferença, de cerca de R$ 500 mil, equivale a cerca de um quarto do R$ 1,9 milhão que Renan declarou ter ganhado nos últimos quatro anos com a venda de bois.
O cálculo feito pelo Congresso em Foco leva em conta o peso de 17 arrobas por cabeça, vendida cada uma a R$ 57.
Enquanto as notas fiscais indicam que foram vendidos 2.213 bois, as guias dão conta da venda de 1.702 animais nesse mesmo período.
A perícia também não comprovou a versão do senador sobre a venda do gado.
Os peritos atestaram que as 100 GTAs – que registram a movimentação de animais vivos em todo o território nacional – não guardavam relação com as notas.
Nas guias, faltava o número da nota fiscal e vice-versa. “[Isso] impossibilitou a vinculação de referidos documentos e, conseqüentemente, a correlação dos animais vendidos com os efetivamente entregues aos destinatários”, disseram os peritos David Oliveira e Luigi Martin, no laudo 1.726/07, do Instituto Nacional de Criminalística.
O relatório mostra que as “várias informações preenchidas nas guias são divergentes daquelas presentes nas notas fiscais”.
As notas informam que os animais procederam de determinadas fazendas, ao passo que as guias, de outras.
Na Santa Rosa, por exemplo, foram vendidos 80 animais entre 2004 e 2007, segundo as notas fiscais; as guias dizem que foram 829.
As NFs dizem que apenas das fazendas Santa Rosa e da Novo Largo I saíram bois comercializados.
Ao contrário, as guias ignoram a Novo Largo I e acrescentam a Forquilha, Vale da Serra e Vila D\água.
Os peritos citam mais divergências. “Grande parte” dos compradores do gado de Renan registrados na GTAs não confere com os destinatários dos animais constantes das notas fiscais.
Segundo os peritos, três lotes de animais vendidos supostamente por Renan pertenciam a outras pessoas, como a mãe do senador, Invanilda Calheiros, e seu irmão Remi Calheiros.