Genival Inácio da Silva, Vavá, teve uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu irmão, na qual falou sobre máquinas, e a Polícia Federal concluiu – e escreveu no relatório da Operação Xeque-Mate – que a conversa girou em torno de máquinas caça-níqueis.
Vavá é um dos 101 indiciados por suposta participação na máfia da jogatina em Mato Groso do Sul.
Vavá falou sobre a conversa em telefonema para José Luiz Sampaio (PSB), o Zé da Luz, prefeito de Caetés (PE) - terra natal do presidente.
A ligação foi interceptada em 9 de junho, cinco dias depois de deflagrada a operação.
Vavá reclama do tratamento dado pela imprensa a outro grampo, no qual também fala de máquinas com o ex-deputado Nilton Cezar Servo, suspeito de chefiar a máfia em quatro Estados.
Segundo Vavá, Lula não pediu um relatório sobre as máquinas, foi ele próprio quem tomou a iniciativa. “O negócio é o seguinte.
O Lula veio aqui em casa.
Eu falei com o Lula. ‘Lula, vou colocar um pessoal para trabalhar.
Vou fazer um relatório das máquinas.
Eu vou fazer.
Certo?’ Aí, publicaram que o Lula que pediu.
P., é uma brincadeira do c., viu, bicho”, reclamou.
No relatório enviado na última quinta (14) à Justiça, a PF escreve: “Vavá confirma que conversou com Lula sobre as máquinas (caça-níqueis)”.
Vavá se referia ao grampo de uma conversa com Servo no dia 25 de março, quando disse: “O homem esteve aqui hoje.
Entendeu?
Ele passou aqui.
Ficou uma hora e meia.
Falei com ele sobre o negócio das máquinas lá, que ele tá só precisando andar mais rápido, né, bicho”.
E Servo respondeu: “Meu irmão.
Lula é meu irmão”.
A PF diz que Vavá usava sua suposta influência em benefício dos interesses de Servo e pessoas por ele indicadas.
Em depoimento à PF em 4 de junho, tomado em sua casa, Vavá afirmou que as máquinas eram de terraplanagem, e não caça-níqueis.
Zé da Luz, que teve a prisão preventiva solicitada pelo então procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Sales, em janeiro, por um suposto desfalque de R$ 695 mil na Prefeitura de Caetés, cidade natal de Lula, diz que no exterior o lóbi é legalizado. “Isso é uma palhaçada, Vavá, essa coisa aí.
Essa coisa em outro país é tudo legalizado.
Vocês já falaram com a imprensa, mas os caras que soltam as coisas, a imprensa tá pegando pesado demais.
Até prisão já pediram aqui, os promotores”, avalia o prefeito na gravação.
Vavá concorda com o amigo. “Aqui também.
Pediram a minha também (negada pelo juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Conrado)”.
O irmão de Lula comenta em tom jocoso a busca e apreensão feita em sua casa no dia 4. “Zé, os caras vieram aqui pensando que iam achar uma fortuna na minha casa.
Não encontraram nada, nada.
Sabe, papel velho que tinha aí, coisa de três, quatro anos, levaram embora.
Ficaram arrependidos até o fio.
Até balançaram a cabeça.
Só tem papel aqui.
Queriam encontrar o quê?
Só tem papel e cachaça.”