Por Olívia Mindêlo Do Caderno C Se para Ariano Suassuna foi um sacrifício passar as últimas semanas entre um aeroporto e outro, recebendo homenagens no Sul e Sudeste do País, pelo menos neste sábado (16), no seu aniversário de 80 anos, o escritor realizou o maior desejo: estar no Recife ao lado da família – para ele também o melhor presente, como afirmou ao JC.

Sabendo disso, o Governo do Estado e artistas pernambucanos promoveram uma festa ao seu gosto na tarde de ontem.

Convidaram o mestre paraibano para receber os parabéns e as homenagens na Praça de Casa Forte, seu bairro do coração, do qual é morador veterano.

Vestido no linho, como de costume, e sorridente, o autor de O Romance d’A Pedra do Reino chegou a pé à praça por volta das 17h, acompanhado da esposa, Zélia Suassuna.

Ele foi recebido pela apresentação do grupo Maracatu Nação Estrelar, do Daruê Malungo, formado por crianças e adolescentes da comunidade de Chão de Estrelas.

Parentes, curiosos e, sobretudo, moradores de Casa Forte, seus vizinhos de longa data, cumprimentaram o secretário de Cultura, entre eles o pároco de Casa Forte, padre Edvaldo.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, chegou cerca de uma hora depois ao local.

Apesar da chegada tumultuada, repleta de beijos e abraços vindos de uma pequena aglomeração de admiradores, Ariano manteve-se disposto e subiu ao palco do local, para proferir um discurso espirituoso: “Vou falar aqui o mesmo que eu disse no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, há alguns dias atrás: eu não sabia que fazer 80 anos era um crime.

Se eu soubesse que ia me dar tanto trabalho, teria ficado nos 79 mesmo.

Esse Ariano ‘importante’ está muito trabalhoso”.

Em seguida, citou a importância dos netos queridos, que, por sinal, estavam lá, com camisa temática que mandaram confeccionar em homenagem ao avô.

No palco, o jovem poeta e declamador Antônio Marinho, da cidade sertaneja de São José do Egito, entrou na seqüência, ao lado de dois tocadores sertanejos, exaltando a importância de seu mestre. “Nós somos a quarta geração de admiradores do mestre Ariano, esse defensor imortal da cultura brasileira”, disse, referindo-se à sua tradição familiar de veia poética nordestina do Pajeú.

Também se apresentaram na ocasião Zé Neguinho do Coco, Mestre Salustiano, o grupo Romançal e a Camerata Armorial.

Os parabéns foram cantados pelos presentes de maneira espontânea, mas faltou o bolo.

Sobre uma das principais homenagens aos seus 80 anos, a microssérie global A Pedra do Reino, que terminou ontem à noite, Ariano elogiou: “Estou gostando, é linda.

Só fiquei preocupado com o primeiro capítulo, que foi mais para quem tinha lido o livro, mas depois melhorou.

Independente da compreensão ou não, é uma obra de arte”.