Sob o título Tempo perdido, a deputada estadual Terezinha Nunes, do PSDB, tece duras críticas ao Poder Legislativo por ajoelhar-se perante o Palácio do Governo.
Sem citar nomes, o recado pode ser endereçado ao presidente da AL, Guilherme Uchoa, que chegou a recolher assinaturas para o advogado Marcos Loreto, indicado pelo governador para a segunda vaga aberta na corte de contas.
O presidente da AL é do PDT e aliado de Eduardo Campos.
Tempo Perdido A Assembléia Legislativa lutou, como foi amplamente acompanhado pela imprensa, para indicar as duas vagas abertas no Tribunal de Contas.
No caso de uma das vagas, com o apoio irrestrito do ex-presidente Romário Dias, a casa gastou tempo e dinheiro para ir a Brasília e conseguir, por unanimidade, uma decisão do STF, reconhecendo-lhe o direito à indicação.
Hoje a sociedade pernambucana é informada que a Assembléia, após toda essa luta, abdicou do direito que conquistou a duras penas e aceitou que o governador Eduardo Campos indicasse um auxiliar seu para a vaga.
Diante de tudo isso é preciso fazer algumas ponderações: se era para abrir mão da vaga, porque a luta por ela?
Por que mandar a Brasília advogados, procuradores e tudo o mais que foi necessário, em busca desse direito?
Surge uma interpretação: a de que era necessário isso para garantir que Romário Dias assumisse uma das vagas, abrindo espaço para um dos deputados mais queridos e respeitados no legislativo, que é Sebastião Rufino.
Pura falácia.
Romário tem há mais de um mês uma lista assinada por todos, absolutamente todos, os deputados apoiando o seu nome.
Tanto da bancada da oposição, como da bancada do Governo.
Uma vaga, portanto, já estava com ele.
Não havia como ser diferente.
Pode ser que algum deputado que tenha assinado a lista admitisse, por pressão, votar diferente no plenário mas, mesmo assim, ele teria votos de sobra para ocupar a vaga.
Ficam, portanto, no limbo as reais razões que levaram o poder a abdicar de um direito.
E a culpa não é do governador Eduardo Campos.
Ele indicou um auxiliar porque a Assembléia permitiu e até negociou, como está posto hoje em todos os jornais pernambucanos.
Fez até muito bem em colocar o nome do seu auxiliar Marcos Loreto, que é jovem, distinto e respeitado como profissional.
Não há, então, porque colocar a culpa no Palácio.
Se culpa houver ela está no Poder Legislativo que se dobrou e ficou de calças curtas diante da sociedade.
Vai ser difícil recuperar a imagem da classe política com atitudes desse tipo.
Os deputados, que já não têm quase nenhum poder de legislar, estão, eles próprios, perdendo a capacidade de lutar e até de se indignar.
Não podem, portanto, esperar o respeito da população.