Renato Lima Especial para o Blog Podem os analistas elogiaram o desempenho da economia brasileira, mas o ex-ministro da Fazenda e embaixador Rubens Ricupero não está nada alegre.
Para ele, o País está passando por uma desindustrialização, perdendo indústrias e empregos.
Inflação baixa e superávit na balança comercial é fruto da estabilidade e do bom momento nos preços internacionais de commodities que o Brasil exporta, como minério de ferro, mas o desemprego - que é o que importa - continua alto. “Eu fui um dos que lutaram pela estabilização.
Meu papel foi humilde, mas fui eu que lancei o real em primeiro de julho de 1994.
Gostaria de lembrar ao senhor Lula e a todos os outros que eles nos combateram acerbamente.
Eles saíram as praças públicas para nos combater.
Eles depois aderiram, o que eu aplaudo, porque reconheceram que quem tinha razão éramos nós e não eles”.
Mas, lembra o ex-ministro, “a estabilidade é apenas o início do começo do princípio”. “Um País com 16% de desemprego segundo o Dieese ou 10% segundo o IBGE não pode dizer que nunca esteve melhor.
O maior desperdício que existe na economia é o desemprego, é o desperdício humano”, justifica.
E essa persistência tem, em uma de suas razões, o fato da indústria nacional ter dificuldade para competir com o resto do mundo.
O fenômeno de desindustrialização acontece em países desenvolvidos quando a renda fica muito elevada, já que fica mais barato deslocar a produção para países que cobram menos para produzir bens manufaturados, como está acontecendo com a China. “Mas no Brasil está acontecendo desindustrialização mesmo com o povo sem ter dinheiro para comprar passagem de ônibus”, analisa.
E lembra o ex-ministro que a indústria têxtil e de calçados do País está quebrando.
PS: Ricupero veio ao Recife a convite da Aliança Francesa para fazer uma palestra sobre o cinqüentenário do Tratado de Roma, um marco na constituição da União Européia.