Jornal O TEMPO, de Minas Gerais CABROBÓ – A falta de engenheiros florestais e biólogos do Ministério da Integração Nacional para acompanhar o desmatamento próximo ao São Francisco alterou o cronograma montado pelo 2º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) do Exército para as obras de transposição.
A tropa pretendia iniciar na manhã de ontem a supressão vegetal da margem do rio, em Cabrobó, no sertão de Pernambuco, para a abertura de um canal que levará água até uma estação de bombeamento.
Mas o trabalho só pode ser feito com a supervisão dos especialistas ambientais, que não chegaram ao município na noite de anteontem, como previsto.
Com isso, os militares apenas demarcaram o eixo do novo curso d’água que será aberto.
Por volta das 7h de ontem, dois caminhões-caçamba e um microônibus transportando aproximadamente 15 homens do 2º BEC partiram em comboio da base montada pelo Exército até a margem do Velho Chico, um percurso de 5 km.
As máquinas pesadas – trator de esteira e motoniveladora – utilizadas na escavação e terraplanagem já estavam no local.
A preparação da execução de um dos projetos mais polêmicos do governo federal na história da democracia brasileira foi acompanhada com exclusividade por O TEMPO.
Segundo e tenente João Oka, engenheiro do Exército que participa da empreitada, o acompanhamento dos especialistas na supressão vegetal é uma exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que concedeu a licença para a execução do projeto de transposição. “O desmatamento será feito em uma área de vegetação nobre porque estamos trabalhando em uma região escassa em terra fértil.
A presença de engenheiros florestais, biólogos e arqueólogos é extremamente necessária, porque eles vão colher amostras e sementes dessa vegetação para o replantio de mudas em locais que ainda serão definidos, um trabalho de compensação”, explicou o tenente.
De acordo com ele, as amostras da vegetação suprimida serão transportadas pelos caminhões- caçamba até o alojamento do 2º BEC, onde ficarão armazenadas.
O tenente João Oka ressaltou que também serão capturados os animais que porventura forem encontrados pelos militares durante a realização das obras.
Segundo ele, os bichos serão colocados em viveiros construídos na base da tropa e depois reconduzidos ao seu habitat natural. “É provável que sejam encontradas cobras, principalmente cascavéis, e aves, como garças”, explicou.