Por Jayme Asfora Estão em curso no Congresso as discussões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão, a instalação da CPI da Navalha e as denúncias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros.

E, em meio a esse turbilhão, tenta-se aprovar mais uma reforma meia sola.

Essa é a impressão que dá, ao nos depararmos com o projeto de Reforma Política que, esta semana, entrou na pauta de votações da Câmara dos Deputados.

Se é que podemos chamar de reforma, um conjunto de propostas em que os destaques são a votação em lista fechada e o financiamento público de campanha.

Falando na própria questão da composição de uma lista fechada, quais foram as discussões já levantadas sobre os critérios que serão utilizados para a sua formação?

E quais os limites impostos para o financiamento público de campanha?

Essa fórmula vai, de fato, acabar com os famosos Caixas 2 e garantir a igualdade de disputa entre os candidatos?

E como fica a questão da fidelidade partidária?

São tantos e tantos questionamentos, que é impossível acreditar na realização de uma verdadeira reforma no sistema político brasileiro e não apenas um arremedo de mudanças que vão contemplar os interesses dos parlamentares.

A sociedade brasileira há muito pede uma mudança nesse sentido.

Mas sua voz está sendo ouvida nesse momento?

Acredito que, no final, tudo não passará mais uma vez de uma grande encenação do nosso parlamento.

Sei disso porque estive – junto com os representantes dos outros 26 Estados - participando, no início do ano, de um encontro do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, com o chefe maior da Câmara, Arlindo Chinaglia.

E senti, assim como todos os presidentes de seccionais da Ordem, a má vontade de Chinaglia em discutir com os deputados o projeto de reforma política elaborado pela OAB.

Nenhuma reforma promovida nos últimos representou mudanças efetivas.

E não será agora, em que os interesses corporativos falam mais alto, que veremos as propostas da população serem priorizadas em detrimento dos desejos do Congresso.

Mas é preciso não esmorecer.

Vamos continuar discutindo e tentando nos fazer ouvir.

Amanhã mesmo, Britto, os deputados Fernando Gabeira e Raul Jungmann, além de outros especialistas do setor estarão debatendo a reforma política na OAB PE Pois a despeito da superficialidade aparentemente demonstrada pelo Congresso para com matéria de tamanha importância, a OAB seguirá sua pauta de discussões e aprofundamento da questão, acreditando que é possível, de forma concreta, garantir um novo – e mais democrático – modelo político para o País. * Jayme Asfora é presidente da OAB-PE e escreve para o blog às quintas.