Jornal A Tarde No seu primeiro dia da empreitada que chama Travessia do Futuro, a visita ao São Francisco da nascente até o ponto em que a transposição começa, em Cabrobó, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, enfrentou o seu primeiro protesto.

Foi em Pirapora, onde um grupo de 60 pessoas gritavam “Transposição, não!

Revitalização!”.

Reagiu com uma ironia e um reconhecimento. “Me disseram que ia haver uma grande manifestação e aqui vejo um grupo do PSTU.

Mas eles estão certos.

O rio está muito agredido mesmo”, afirmou.

E não é para menos.

O próprio Geddel viu de perto cenários desoladores.

A Serra da Canastra, em Minas Gerais, por exemplo, onde nasce o São Francisco, e por onde ele começou o seu périplo, é uma esquecida.

A última vez que viu algum dinheiro foi há 10 anos.

Erosões, desmatamentos e poluição integram o painel.

Lá, assinou convênio de R$ 4,5 milhões para a recuperação do Parque Nacional da Serra da Canastra.

O promotor Alex Santiago, coordenador das Promotorias de Justiça de Defesa do Rio São Francisco de Minas Gerais, agradeceu. “É um passo importante.

Vamos trabalhar para que os proprietários de terras na área do Parque revitalizem e mantenham as áreas”, disse ele.

RECURSOS – “Nunca em toda a sua história a Serra da Canastra recebeu tantos recursos”, admitiu o diretor do Parque, Joaquim Maia Neto.

Lógico que os projetos anunciados por Geddel têm encontrado boa receptividade, até mesmo porque ativistas ostensivamente contrários à transposição, como Thomaz Mata Machado, do Comitê de Bacias do São Francisco, festejam as obras em benefício do rio. “Ele veio aqui anunciar obras de esgotamento sanitário?

Que bom.

São obras historicamente necessárias, mas não podem ser objeto de troca.

Tratar esgoto é fundamental, transposição, não porque não contempla o uso para o consumo humano da água”, afirmou.

Entre os manifestantes haviam representantes da colônia de pescadores, sindicatos dos metalúrgicos, alunos das escolas municipais e integrantes da ONG Manuelão, composta por estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Um pouco adiante da Serra da Canastra, 7,2 quilômetros de rio foram desviados pelo dono da Cia Industrial e Agrícola do Oeste de Minas (Ciaom), Antonio Luciano Pereira.

O fato ocorreu em 1981 sem que ninguém o incomodasse até 2003, quando o fato foi denunciado.