Mesmo declarando que aposta no diálogo com os professores e os servidores em geral, o secretário de Administração, Paulo Câmara, disse nesta terça-feira ao Caderno de Cidades do JC que não há a menor possibilidade de atender reinvindicações financeiras. “As questões financeiras só poderão ser discutidas a partir de julho.
O ideal seria que os professores voltassem ao trabalho”, enfatizou.
Em nota oficial divuldada nesta terça-feira, o governo estadual cogitou a possibilidade de ingressar com medidas judiciais para assegurar o fim da greve.
Professores da rede estadual de ensino, em greve desde segunda-feira, ignoraram o apelo do governo estadual, publicado em nota oficial nos principais jornais do Estado, para que voltassem ao trabalho a fim de não prejudicar o cumprimento do calendário escolar.
A categoria, formada por aproximadamente 27,5 mil efetivos, manteve a paralisação e realizou, à tarde, passeata pelo Centro do Recife.
A adesão ao movimento, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), permanece em cerca de 80%.
Quase um milhão de alunos estudam nos colégios estaduais.
Uma das reivindicações dos professores é aumento salarial de 16%. “Mantemos a greve para forçar o governo a apresentar uma proposta.
Entregamos nossa pauta de reivindicações no dia 16 de março.
A data-base dos servidores estaduais é 1º de junho.
Houve tempo suficiente para que ocorresse negociação, mas as reuniões só começaram no dia 4 de junho”, afirmou o presidente do Sintepe, Heleno Araújo. “O governo diz que estranha a greve.
Nós é que estamos perplexos porque até agora nenhuma proposta foi colocada.
A tendência é que, se continuar dessa maneira, a greve se prolongue”, complementou a vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade.
Além do reajuste salarial, docentes defendem a criação de um padrão-mínimo de qualidade nas escolas, convocação dos professores concursados e realização de concurso para auxiliares e técnicos-administrativos.
A passeata contou com mestres das redes municipais de Recife, Olinda e Jaboatão, que também estão em greve. “Os deputados estaduais têm aumento de 29%.
Se eles podem, por que não é possível reajustar nossos salários?”, questionou a professora Vaneide Queiroz, uma das que participaram da passeata.
Ela leciona na rede estadual há oito anos e atualmente dá aulas de biologia na Escola Augusto Severo, em Piedade, Jaboatão.
O Sintepe solicitou nova rodada de negociações para esta quarta-feira, desta vez específica para a educação. “Vai depender da disponibilidade de agenda”, afirmou o secretário de Administração, Paulo Câmara.
Ele conversaria sobre o assunto com o secretário de Educação, Danilo Cabral, ontem à noite. “Se Danilo puder e Djalmo (Leão, secretário da Fazenda) puderem, marcaremos a reunião para amanhã (hoje)”, explicou Paulo Câmara.
O secretário aposta no diálogo. “Mas as questões financeiras só poderão ser discutidas a partir de julho.
O ideal seria que os professores voltassem ao trabalho”, enfatizou.
Por enquanto, o governo estadual não cogita a possibilidade de ingressar com medidas judiciais para assegurar o fim da greve.
Os professores têm assembléia marcada para amanhã, a partir das 9h, na quadra do IEP, em Santo Amaro. “Esperamos que haja a negociação nesta quarta-feira para que, na assembléia de quinta (amanhã) possamos apresentar alguma novidade para a categoria”, destacou Heleno Araújo.