O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (BA), disse que a obra de transposição do rio São Francisco é uma “decisão política do governo” e que, por isso, não adianta alguma ala da Igreja Católica e movimentos sociais contrários quererem a sua paralisação, porque não estão “legitimados para governar”.
Segundo Geddel, manifestações contrárias à obra, como a greve de fome feita pelo bispo de Barra (BA), frei Luiz Cappio, há quase dois anos, não terão efeito.
O ministro disse que os críticos devem entender que a delegação para a obra é do governo e que eles poderão apenas “melhorar o projeto”.
Ele afirmou que as críticas à transposição ocorrem por “ignorância e falta de entendimento” sobre o projeto. “Quem está legitimado para governar é quem, nas praças públicas, nas universidades, conseguiu a delegação popular para governar.
Esse foi o presidente Lula, que me convocou para, com a sua delegação, pôr em prática a obra, dialogando e aberto para críticas, mas ciente de que nós vamos fazer a obra.” Geddel começou ontem, por Minas Gerais, uma “caravana” da nascente à foz do São Francisco.
Ele partiu com a disposição de tentar mostrar aos que se opõem à transposição nos Estados por onde passa o rio (MG, BA, SE, AL e PE) que não há nenhum dano a esses territórios e que as exigências que fazem sobre a necessária revitalização já acontece.
Ele disse que estão disponibilizados R$ 1,3 bilhão para obras de revitalização até 2010.
Muitas dessas obras, disse, já estão em curso nos cinco Estados e outras ainda dependem de projetos enviados por prefeituras.
São obras na área de saneamento e recomposição de matas ciliares, principalmente.
O valor representa 26% do total orçado para a transposição (cerca de R$ 5 bilhões). É também com esse argumento econômico que ele vai tentar acalmar os líderes políticos dos Estados críticos à obra, como o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), com quem Geddel se reuniria à noite. “Recebi de forma expressa do presidente Lula a ordem para dizer que ele garante que recursos não vão faltar para a revitalização, desde que haja projetos.” Ambientalistas mineiros seguem se opondo.
Durante a entrevista que concedeu em um hotel em Belo Horizonte, integrantes de uma ONG contestaram a obra.
Do lado de fora, dez faixas foram estendidas, sendo oito sem assinatura.
Algumas faziam referência a eventuais casos de corrupção, citando a Gautama, empreiteira sob investigação da Polícia Federal. “Operação Navalha ainda não cortou a transposição, mas cortará”, dizia uma delas.