Oito ONGs contrárias ao projeto da transposição das águas do São Francisco divulgaram hoje nota oficial contra o início das obras, alegando que existem graves indícios de irregularidades com empreiteiras, especialmente após a eclosão da Operação Navalha.

Não poupa nem o ministro É mais do que provável que haja problemas, mas eles devem ser corrigidos, não devendo servir de pretexto para detonar uma obra tão importante para o desenvolvimento regional.

Belo Horizonte, 11 de junho de 2007.

Visita do Ministro da Integração, Geddel, é uma grande farsa.

A transposição, além de não resolver o problema do Nordeste, é uma obra de corrupção.

A “Travessia do Futuro” que o Ministro da Integração Nacional Geddel Vieira de Lima fará pela bacia do Rio São Francisco representa uma estratégia política das mais retrógradas.

Conforme a imprensa está denunciando, Geddel é um político envolvido em processos de corrupção em órgãos públicos da Bahia e recentemente as investigações da Polícia Federal mostram evidências do seu envolvimento com descobertas da Operação Navalha.

Na sua pequena trajetória enquanto Ministro já teve que afastar o diretor de recursos hídricos do ministério da Integração, Roberto Menescal, envolvido com o recente escândalo da empresa Gautama.

O Superintendente da 2ª Regional da Codevasf, em Bom Jesus da Lapa, José Calmito Fagundes Ledo, nomeado pelo Ministro, ex-prefeito de Igaporã/BA, está envolvido em outros escândalos, denunciados e investigados pelo Tribunal de Contas dos Municípios e Ministério Público.

O presidente da Gautama, Zuleido Soares Vera, que estava presente na posse de Geddel, tem claro envolvimento com o Ministério da Integração.

Nas investigações sobre o esquema de corrupção o nome de Geddel foi citado em oito ocasiões.

Zuleido comentou com funcionários da Gautama que com o novo Ministro: “Ave Maria, melhora tudo”.

Ainda Zuleido declarou que “estava muito feliz com a mudança no ministério”.

Está dito nas gravações.

A Gautama é uma das empresas que querem abocanhar parte dos 6,6 bilhões de reais destinados para o início da obra da transposição do Rio São Francisco durante o Governo Lula.

Além do rastro de corrupção, Geddel vem demonstrando que trama uma política fisiologista, de cooptação e barganha. É isso que representa sua “Travessia para o Futuro”.

Para comprar os setores públicos que são contra a transposição do rio São Francisco.

E essa negociação é feita com recursos públicos e projetos que não resolvem definitivamente os problemas da população e do Rio.

O Ministério da Integração recebe grande parte das verbas da Revitalização do Rio São Francisco, que além de parcos recursos (1,3 bilhões de reais contra 6,6 bilhões da transposição), são aplicados de forma desordenada, ineficiente e utilizados como moeda de troca da transposição.

Defendemos a suspensão imediata do projeto de transposição do Rio São Francisco, que vem sendo realizada de forma autoritária pelo Governo Federal.

A presença do exército nos canteiros de obra lembra a ditadura militar, onde o governo coloca as forças armadas para resistir às pressões da sociedade civil.

Não fica bem para as forças armadas brasileiras aceitar cumprir uma “tarefa suja” como essa em troca do repasse de pouco mais de 100 milhões de reais, cifra noticiada pela imprensa.

Defendemos o afastamento do Ministro Geddel e a paralisação imediata das obras enquanto a investigação da Operação Navalha aconteça.

Esperamos que a transposição vá ser definitivamente encerrada numa delegacia qualquer da Polícia Federal.

Defendemos uma verdadeira revitalização do rio São Francisco e um projeto de Convivência produtiva com o semi-árido.

Articulação Popular pela Vida do Rio São Francisco Comissão Pastoral da Terra (CPT), CONLUTAS, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Sindicato dos Metalúrgicos de Pirapora, Várzea da Palma e Três Marias, Colônia de Pescadores de Ibiaí, Projeto Manuelzão