Do Ecodebate Imprensado entre a burocracia e a briga política, o projeto de transposição do Rio São Francisco, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de deixar como marca de seu segundo mandato, deu lugar, até agora, a uma série de “bondades” distribuídas entre os estados nordestinos.
Enquanto o Ministério da Integração Nacional não desata o nó que impede o início das obras da transposição, um investimento de R$ 6,6 bilhões, o governo promete outras ações que, somadas, chegarão a 79% desse valor - R$ 5,2 bilhões.
Se forem tiradas do papel, ou melhor, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), essas obras vão contemplar, até 2010, estados favoráveis e contrários à transposição.
No pacote nordestino estão desde os R$ 269 milhões do Proágua, que construirá canais para levar água do próprio São Francisco para comunidades próximas ao rio, até um ambicioso projeto de irrigação que soma R$ 2,7 bilhões, a serem distribuídos entre Alagoas, Sergipe, Bahia (contrários à transposição), Paraíba, Ceará, Pernambuco (favoráveis à obra) e Piauí.
Pressionado por todos os lados, o ministro Geddel Vieira Lima - deputado do PMDB baiano que luta para provar que, ao contrário de seus conterrâneos, é a favor da transposição do São Francisco - tenta compensar as reclamações com a promessa de implementação dos outros programas. “Há de se reconhecer um argumento sério restritivo à transposição: como levar água a 220 quilômetros, a 400 quilômetros do Rio São Francisco e deixar comunidades à beira do rio, a 3 ou 4 quilômetros de distância, sem água?
Daí surgiu a idéia do Água Para Todos (Proágua), que sensibilizou muito o presidente Lula”, disse Geddel há duas semanas, em uma audiência pública na Câmara.
Nesse mesmo encontro, Geddel surpreendeu a platéia ao revelar que as obras da transposição não vão começar antes de outubro, por causa da lentidão do processo de licitação.