Por Ernesto Barros Do Caderno C Estréia nesta sexta (8), na sala Fernando Spencer, no cine Rosa Silva, o drama de guerra francês Dias de Glória (Indigènes), do diretor franco-argelino Rachid Bouchareb.

O filme passa a limpo um dos fatos da 2ª Guerra Mundial que a historiografia oficial tinha botado para baixo do tapete: a participação de mais de 130 mil soldados africanos no exército francês, que lutaram contra os nazistas em várias batalhas no continente europeu.

Originários das colônias francesas na África, principalmente da Argélia e do Marrocos, a maioria de religião muçulmana, os soldados ganham uma estupenda homenagem em Dias de glória.

O filme acompanha os passos deles desde o alistamamento, em pequenas aldeias pobres da Argélia, passando pelo treinamento, até as batalhas no front europeu.

Tão bem filmado e emocionante como os melhores exemplares do gênero americano, Dias de glória, além de tecnicamente perfeito, ganha mais pontos pelo viés político ao trazer para o presente uma história que ficou enterrada por muito tempo.

O filme, claro, dialoga com os dias atuais ao mostrar que, apesar de terem dado a vida pela pátria-mãe, mesmo sem terem botado os pés na França, os soldados nunca foram respeitados nos seus direitos.

Até a aposentadoria dos ex-combatentes foi negada pelo governo.

Outro grande trunfo de Dias de glória é o soberbo elenco, formado por atores de origens africanas.

Sami Bouajila, Samy Nacery, Jemel Debbouze e Roschyd Zem interpretam os soldados e, Bernard Blanc, o sargento que os acompanha em todas as campanhas.

Não foi por outro motivo que o júri do Festival de Cannes, na edição de 2006, resolveu outorgar aos cinco atores principais do filme o prêmio coletivo de melhor interpretação.

Sem dúvida, Dias de glória é um dos melhores filmes esm cartaz nos cinemas do Recife.