“A grita é geral.
A queda do dólar não está afetando apenas o setor metalmecânico.
A situação está ficando impraticável”, lamenta o vice-presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco (Simmepe), Sebastião Pontes.
A LP Displays (antiga LG Philips), que ontem anunciou o fechamento de sua fábrica pernambucana e em mais três Estados, alegou o dólar baixo como um dos principais motivos para o encerramento de suas atividades no País.
O presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de Pernambuco (Sinditêxtil), Oscar Rache, concorda com Pontes.
Rache estima em 220 mil as demissões do setor têxtil este ano, em todo o País, caso a situação não seja revertida – em 2006, foram 160 mil os desempregados.
Na opinião do vice-presidente do Simmepe, o contexto desfavorável deve-se principalmente à queda do câmbio, mas envolve outras questões, como a concorrência com produtos chineses e a alta carga tributária praticada no Brasil.
Oscar Rache lembra do fechamento da unidade pernambucana da Vicunha Têxtil, no primeiro semestre de 2006, deixando cerca de 450 pessoas sem emprego. “A unidade era toda voltada para exportação.
Parte do fechamento foi culpa do dólar, parte por causa da complicada legislação para exportação.
Pois a Vicunha acaba de adquirir uma fábrica no Equador.
Não vai construir, comprou”, destaca.
Segundo ele, a concorrência desleal com produtos chineses, que entram no País contrabandeados na proporção de um quilo de produto legal para um ilegal, e o câmbio fizeram as empresas do setor buscarem alternativas fora do País. “O setor está realmente fragilizado.
Com o dólar baixo, sobra produto no mercado nacional.
E ainda entram mais produtos chineses, mais baratos. É um efeito perverso, que coloca os preços para baixo”, lamenta.
PS: Só uma?
O fechamento da Vicunha eu lembro muito bem, pois foi um dos últimos furos de reportagem que eu escrevi antes de sair da editoria de Economia, para assumir o blog.