Por Breno Rocha Os pernambucanos, pelo menos aqueles que acompanham o cenário político estadual, conhecem, ao menos de maneira geral, as críticas político-administrativas que temos à gestão Jarbas/Mendonça.

Por isso mesmo, nos sentimos isentos o bastante para declarar: neste caso específico da Escola Penitenciária, Mendonça Filho tem razão.

Admitir a razão do ex-governador no fato em questão não significa, absolutamente, tomar partido numa discussão estéril e falaciosa como a que vem sendo feita entre as assessorias dele e a do atual governador, mas, concluir a partir da análise direta dos fatos.

O que ocorreu foi, simplesmente, a adoção por parte da Secretaria de Ressocialização de uma prática política atrasada e antiética que, infelizmente, é praxe no cenário nacional: a de tentar colher os frutos do trabalho de outrem.

Chegando para assumir a pasta sem qualquer projeto para ela, a não ser o de empregar os parentes, o senhor Humberto Vianna descobriu que havia um projeto aprovado no DEPEN para pronta execução em Pernambuco e, sem nenhuma cerimônia, assumiu imediatamente a paternidade daquele.

A partir daí só se falava na Escola Penitenciária como a realização de um anseio de uma década em quatro meses de empenho, trabalho, seriedade, competência… e de como as habilidades de gestão administrativa do Secretário Humberto Vianna foram decisivas para a consolidação, digo, para a materialização desse sonho.

Se faria em quatro meses o que não fora feito em oito anos, era o discurso oficial.

O Governo fala que o aluguel da Mansão em Casa Forte é “mentira”.

E eu bem acredito que seja, mas, há aí um detalhe: se é mentira, é mentira do Governo e não do ex-governador.

Eu mesmo fui informado em reunião na SERES sobre o aluguel de uma casa, por R$ 4 mil mensais, no bairro de Casa Forte, na qual havia funcionado um escritório de advocacia, onde seria alojada a Escola Penitenciária.

Se era mentira, repito, era mentira da SERES.

E uma mentira muito bem elaborada, com riqueza de detalhes.

Quanto ao Seminário em Boa Viagem, ele também aconteceu.

E não foi para discutir a escola, mas, para anunciá-la.

Lá estavam Adeildo Nunes, o Juiz de Execução Penal, Marcelus Ugiette, Promotor de Execuções Penais, Maurício Kuene, Diretor do DEPEN, quase uma centena de Agentes Penitenciários.

A imprensa cobriu o evento.

As TVS têm gravadas entrevistas com o Secretário Humberto Vianna, anunciando a Escola Penitenciária.

Não dá para dizer que foi uma histeria coletiva, um delírio, fruto da loucura de todos.

Talvez possa se dizer até que fora um delírio de uns poucos… ou que sobrou marketing onde deveria existir competência.

Mas, o ex-governador não assinou o contrato, talvez por ter ouvido o conselho dos assessores jurídicos, ou o forró de Genival Lacerda.

O certo é que decidiu: “não vou enfeitar boneca pros outros brincar!”.

Assim, Pernambuco fica sem a Escola Penitenciária por mais um ano.

Devolve-se a mansão de Casa Forte (caso ela exista fora da imaginação dos que fazem a SERES) e perdem-se os recursos (financeiros e humanos) utilizados durante um ensolarado fim de semana em Boa Viagem.

Mas, não se perde só isso, perde-se também uma grande oportunidade: a de atualizar-se o projeto pedagógico da Escola Penitenciária.

Pois, tem uma coisa nisso tudo que concordamos com o Governo: o projeto político de Mendonça Filho foi derrotado nas urnas.

E sendo assim, perdeu o Governador Eduardo uma grande oportunidade de, uma vez que o ex-governador não assinou o projeto da Escola, refazê-lo.

Convocar as partes interessadas, abrir o debate, re-elaborar os tópicos divergentes; isto é, “transformar o limão numa limonada”.

Aproveitar a oportunidade para corrigir os problemas existentes num documento elaborado por um grupo que representa “um projeto político derrotado nas urnas”… que os pernambucanos, em sua maioria, não aprovaram.

Mas o que faz o Governo Eduardo?

Esperneia pela não assinatura de Mendonça Filho; diz que ele entregou o Estado sucateado; alega que suas idéias foram derrotadas nas urnas… mas copia seu projeto, assina embaixo, e envia-o sem nenhuma alteração: tem razão o ex-governador, não há outra nomenclatura para isto além de: “incompetência”.

PS: Breno Rocha é Presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco – SINDASP.