OLHA A FACA!
Por José Otávio de Meira Lins.
Meu pai sempre me dizia: “Não entre no meio de briga de faca!”.
Então, já estou me metendo em terreno perigoso. É impressionante como os grandes projetos em Pernambuco despertam paixões avassaladoras e até mortais.
Quando foi para fazer o Parque das Esculturas no Marco Zero, os fálicos símbolos de Brennand quase vitimam metade da população.
Quando foi para trocar as mãos incongruentes do trânsito da Conselheiro Aguiar e da Domingos Ferreira, outra leva de recifenses enxergou a hecatombe.
Apenas uma banca de revista fechou as portas.
Isto para falar em apenas dois projetos recentes que exigiram da gente (me incluo no meio) fugir do nosso conservadorismo recifense.
Olha a Faca!
Olha o Parque Dona Lindu!
Aí está na hora de puxar a sardinha para nossa lata (a do turismo, é claro).
O parque é bom para o turismo.
O turismo adora marcos.
Alguns marcos estão por todo o Recife e, às vezes, até não os reconhecemos (poucos sabem que temos aqui a maior quantidade de praças projetadas pelo genial Burle Max).
Quem melhor que Oscar Niemeyer, com seu traço genial, para conceber um novo marco para nossa cidade.
Vamos ter teatro e pavilhão de exposições.
Como vamos mostrar que nossa cultura é um produto que se sobrepõe ao sol e mar, fartamente vendidos por outras capitais, sem esses espaços?
Há verde em 61% da área.
O restaurante - polêmico - pode quebrar a velha história de que nossa orla é elitista e triste para o turista.
Por que não enxergar a Orquestra Sinfônica do Recife tocando ou um maracatu batucando no grande pátio?
Aquilo não é lugar para trio-elétrico.
Pior é se fossem duas torres, ou mais, com muros altos.
E aí de novo Olha a Faca!
PS: para entender o apoio público, é preciso informar que, além da obra, João Paulo já anunciou um orçamento de R$ 100 milhões para o turismo do Recife, por meio do Secretária de Turismo, ocupada pelo hoteleiro recifense Samuel Oliveira.
O orçamento é maior do que os gastos do governo do Estado, por meio da confusa Empetur.