Chega de escândalos Por Jayme Asfora Uma relação antiga e turbulenta. É assim que costuma a ser o trabalho realizado pelas empreiteiras para o serviço público brasileiro.

O caso Gautama é mais um dentro de um rol de escândalos já assistidos pela população envolvendo as empresas que prestam esse tipo de serviço.

Está na hora de separarmos o joio do trigo e mostrar quem trabalha de forma séria nesse País e quem garante contratos milionários, utilizando-se de artifícios escusos.

A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Empreiteiras já está mais do que na hora de acontecer.

E temos que dar o crédito merecido ao senador peemedebista Pedro Simon que já na época da CPI dos Anões do Orçamento, na década de 90, sugeria a realização desse trabalho.

Alguns anos e muitos escândalos depois, o tema volta à tona.

A relação promíscua entre todo o setor público e as empreiteiras é uma nuvem negra que paira sobre a cabeça de todos.

A realização dessa CPI terá a função também de que seja estabelecido um código de conduta, a ser ampla e democraticamente divulgado, para a contratação de empresas - e aí, acredito que serviria também para todo e qualquer prestador de serviço contratado em todas as esferas da administração.

Políticos honestos e probos, muitas vezes, têm seus nomes jogados na lama dos superfaturamentos de forma equivocada, simplesmente, pelo fato de terem contatos com algum funcionário de alguma empresa.

Ora, as relações pessoais de cada um não podem e não devem viver na corda bamba pelo fato de que, hoje, na opinião pública, toda a classe política é culpada até que se prove o contrário.

E esta posição é facilmente explicável diante dos fatos recentes envolvendo parlamentares e governantes, tais como anões do orçamento, sanguessugas, mensaleiros, entre outros. É preciso ainda garantir o fechamento dessa torneira de recursos que finda por pesar no bolso de todo cidadão que, ano a ano, precisa arcar com essa falta de controle através do aumento da carga tributária.

O presidente nacional da OAB, Cezar Britto, já manifestou publicamente o seu apoio à implantação da CPI das Empreiteiras.

E o mesmo faço agora, apoiando inclusive a indicação do próprio Pedro Simon para presidi-la por ser ele, isto sim, um exemplo concreto de como é possível fazer política há mais de 50 anos sem qualquer mácula em seu currículo. É preciso investigar a fundo quem são, o que fazem e como fazem aqueles que sangram os cofres públicos e mantêm o Brasil em posição privilegiada no ranking mundial da corrupção.

PS: Jayme Asfora é presidente da OAB-PE e escreve para o blog às quintas.