Não quero desanimar as pessoas que pedem moralização da gestão pública, tipo CPI da Navalha e outros, mas sou profundamente cético quanto a resultados concretos.
Pessoalmente, acredito que o Brasil é um caso perdido.
Não tem jeito, amigo.
Se as empreiteiras fazem e desfazem, é porque há uma cultura de impunidade neste país, não apenas no meio político.
Um exemplo singelo do que é boa parte do nosso povo: na semana passada, viajei a São Paulo.
No caminho do aeroporto para o hotel, o taxista vangloriava-se do irmão, que tinha viajado para São Paulo, trabalhado como taxista também, mas conseguido voltar para um estado do Nordeste com as economias que fez e comprado um posto de gasolina.
Parte da economia havia sido feita com o desvio de mercadorias que a mulher do seu irmão fazia numa afamada loja de chocolates paulista.
Os paulistas adoram chocolates, como se sabe. “Sabe como é, não havia controle, ela sempre levava alguns quilos para casa, alegando que haviam mofado.
O dono até vendeu a franquia, pois tinha só uma que dava lucro”, contou.
Também Pudera, não é?
Segundo me contou o taxista, o irmão treloso já estava fornecendo notas frias para uma empreiteira que trabalhava para uma obra federal na cidade. “O engenheiro da obra todo dia ia lá e pedia para colocar um valor a mais.
Depois de duas, três vezes, ele deu um basta: cadê a minha parte?”.
Deram início a uma sociedade, lascando a Viúva.
TCU?
TCE?
CGU?
Piada, só fazem auditoria por amostragem e sempre haverá quem ajude a passar a mão na cabeça.
Na breve conversa sobre as habilidades do irmão, o orgulhoso taxista contou que seu irmão era um tipo que tinha um tino incomum para os negócios. “Se ele conversar meia hora com o senhor, vai arrumar um jeito de lhe tomar pelo menos um real”, preveniu. “Não dou um ano para ele ser o prefeito da cidade.
A casa do prefeito ele já comprou, como pagamento de dívidas de campanha”, informa, sem o menor constrangimento.
Ou seja: Neste país, o ladrão é o herói.
Os mensaleiros não foram perdodados?
O Brasil é um grande mensalão!