Reuters/Brasil Online RIO DE JANEIRO (Reuters) - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfrentou nesta terça-feira um protesto dos servidores do Ibama, em greve desde o dia 14 contra a cisão do órgão, e afirmou que o governo não vai voltar atrás da decisão. “Da parte do Ministério do Meio Ambiente não vamos retirar, em hipótese alguma, a medida provisória”, afirmou a ministra a jornalistas, após participar de uma reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
A medida provisória a que se referiu a ministra dividiu o Ibama em dois, criando o Instituto Chico Mendes, para cuidar das unidades de conservação, cabendo ao Ibama remanescente a responsabilidade pelo licenciamento ambiental.
Durante o discurso da ministra, manifestantes estenderam faixas e ficaram de costas em sinal de protesto.
Os servidores e alguns ambientalistas reclamam que o governo foi arbitrário e não dialogou sobre a divisão do instituto. “Nós gostaríamos de ser ouvidos nesse assunto, mas percebemos que a senhora não faz parte da orquestra desse governo.
Está dançando conforme a música tocada pela orquestra”, afirmou Francisco Iglesias, ambientalista, dirigindo-se diretamente à ministra em aparte concedido. “Manter a legislação ambiental, fazer com que tenhamos estruturas para implementar essa legislação, ao contrário de dançar a música dos outros é fazer com que a nossa música seja ouvida, dançada e apreciada pela sociedade brasileira”, respondeu a ministra, frisando que a medida provisória não provoca nenhuma flexibilização da lei ambiental brasileira.
Marina disse continuar acreditando no diálogo e afirmou que os servidores do Ibama vão compreender a decisão do governo de dividir o órgão. “Durante o processo, as pessoas vão perceber que não há monolitismo sobre essa questão.
Queremos que essa nova instituição corresponda nos próximos 10 ou 15 anos da mesma forma que o Ibama correspondeu por 19 anos de existência”, disse Marina, lembrando que o próprio ministério do Meio Ambiente foi criado por medida provisória.