Por Sérgio Montenegro Filho Assim fica cada vez mais difícil culpar políticos por atos de improbidade que porventura tenham cometido.

A cada dia que passa, novos escândalos surgem em progressão geométrica.

Num tamanho proporcionalmente bem maior ao anterior.

E aí, quem mais vai se revoltar contra uma “propinazinha” de trinta moedas, se agora os pagamentos excusos envolvem empreiteiras, grandes indústrias e milionários sem escrúpulos?

Sem precisar ir muito longe na história, basta lembrar o episódio que envolveu o então presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti - daqui de Pernambuco mesmo - e Sebastião Buani, dono de um restaurante executivo no prédio anexo 4 da Casa.

As denúncias de que Buani pagava uma mesada de R$ 10 mil a Severino para que o seu estabelecimento continuasse funcionando nas dependências da Câmara foram suficientes para repercutir no País e levar o deputado a renunciar ao cargo e ao mandato.

Está certo que Severino era nordestino, folclórico e sem jogo de cintura.

Mas hoje, outro nordestino, Renan Calheiros, presidente do Senado e, este sim, com bom jogo de cintura, é alvo de denúncias um tantinho mais pesadas.

Entre elas, a de que um empreiteiro pagaria uma gorda pensão alimentícia - de R$ 12 mil - a uma jornalista, mãe de um filho dele.

O valor da mesada, nesse caso, é equivalente ao salário do senador peemedebista.

Seria espantoso se não fosse triste.

Também não é engraçado nós, da imprensa, terminarmos assumindo o papel do judas, malhados e apontados como responsáveis por quase todos os escândalos políticos que acontecem na Corte.

Severino disse que estava saindo porque a imprensa não gostava dele.

O senador Renan não fez diferente.

Ao comentar as denúncias feitas pela revista Veja, admitiu, sim, ter o filho com a jornalista e reconheceu sua amizade com o empreiteiro citado.

Mas, quanto ao amigo pagar a pensão e outras benesses que receberia, o parlamentar não se fez de rogado: saiu-se com um “É tudo culpa da imprensa”. É isso: quando se trabalha tão próximo de onde jorra a lama, se não tiver cuidado, terminam tentando te sujar.

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