Por Cecília Ramos Da Editoria de Política do Jornal do Commercio O governador Eduardo Campos (PSB) e o prefeito do Recife, João Paulo (PT), voltaram a tratar de sucessão municipal, esta semana.

Eduardo estava em Brasília e a conversa foi por telefone, na última terça-feira (22), antes de o petista seguir para Glasgow, na Escócia.

Embora seja o condutor do processo - como prega o campo de esquerda – o prefeito está incomodado com a pressão para iniciar logo as discussões sobre a eleição.

Também está vendo respingar em si próprio as desavenças públicas do PT, as quais não conseguiu, até agora, conter completamente.

Isolado dentro do próprio partido, João Paulo tem buscado uma aproximação maior com o governador, de quem tem ouvido conselhos.

Nessa última conversa, Eduardo repetiu o mantra de “adiar ao máximo” o debate sucessório.

Mas fez um alerta ao prefeito.

Aconselhou o petista a deixar de lado a polêmica em torno da construção do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.

Por um motivo simples: é mídia negativa.

Eduardo alegou que ninguém está contra o parque e, portanto, a polêmica vai se desfazer por si só - sem que o prefeito precise estar na linha de frente.

Apesar de manterem o discurso oficial de que só discutirão eleição no ano que vem, Eduardo e João Paulo têm mantido sucessivas conversas reservadas.

Esta foi a terceira, em menos de dez dias.

A quarta ocorrerá assim que o petista retornar da Escócia, no dia 29.

A partir dessa data, um novo encontro será agendado, a pedido do próprio prefeito, no Palácio.

Toda essa aproximação abafa, por hora, o duelo velado entre ambos - considerados as principais “estrelas” da esquerda no Estado.

Presidente nacional do PSB, Eduardo tem conseguido manter a distância desejada da sucessão de 2008.

Para tanto, evita declarações públicas.

Ontem, em solenidade no Palácio para lançamento de projetos na área de transportes, ele afirmou apenas que “na hora precisa” entrará em campo.

Bem-humorado, comparou a situação com a de “um médico experiente que sabe a hora de entrar” e disse que quer evitar o “vaza, vaza” ocorrido às vésperas do anúncio do secretariado.

Ele adiantou também que só dirá sua opinião “quando o assunto se referir ao PSB”.

O silêncio do governador tem reflexo direto na postura do PSB.

Até aqui, o partido não se movimentou para apresentar um projeto majoritário.

Nos bastidores, porém, comenta-se que o cenário pode mudar, caso João Paulo insista em lançar à PCR o secretário de Planejamento, João da Costa, ou a secretária de Gestão Estratégica e Comunicação Social, Lygia Falcão - dois dos nomes de confiança do prefeito no PT.

Para João Paulo - que tem uma avaliação positiva do seu governo, mas não um candidato natural à sua sucessão - está em jogo a sua manutenção no poder.

Para Eduardo, manter uma base sólida que possibilite sua reeleição em 2010.