Com um discurso sempre ácido, a ex-senadora Heloísa Helena (P-SOL) defendeu, nesta quinta (24), a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o esquema de fraudes em licitações comandado pela construtora Gautama.

Segundo ela, a Operação Navalha da Polícia Federal, que prendeu 46 pessoas envolvidas nas irregularidades, é “insignificante" diante da quantidade de fraudes e crimes contra os cofres públicos.

Heloísa esteve no município de Triunfo, Sertão do Pajeú, onde proferiu uma palestra sobre impunidade na política, no VII Congresso do Ministério Público de Pernambuco. “A navalha é pouco.

Precisamos de uma afiadíssima espada samurai para cortar todas as conexões do propinoduto que corre nas relações promíscuas entre Executivo, Legislativo e setor empresarial”, disparou.

Heloísa avalia que é necessário ampliar as investigações para identificar todos os envolvidos no esquema. “Há mais a ser feito para apurar as fraudes e o papel corrupto do governo que libera as emendas”, opinou.

Para ela, é preciso criar mecanismos para obstacular a “impunidade reinante”.

Uma das medidas defendidas pela presidente nacional do P-SOL é a extinção do foro privilegiado dos parlamentares. “Sempre fui contra.

Até já havia apresentado um projeto, inclusive propondo que os parlamentares não tenham sigilos bancário, fiscal e telefônico até dez anos após o término do mandato”, contou.

Questionada se o governo Lula tinha avançado no combate à impunidade com relação à gestão Fernando Henrique, Heloísa preferiu não fazer comparações. “No campo do banditismo não cabe essa hierarquia.

Deve haver punição implacável em todos os governos.

No atual governo, no entanto, há inovações metodológicas, que vão desde dólar na cueca até pagamento de publicitários em paraísos fiscais”, disparou.

Apesar da estocada, a ex-senadora rebateu as críticas que a Polícia Federal vem recebendo por conta de supostos excessos em suas ações. “Essa cantilena não é novidade.

Nunca vi ninguém dizer que era excesso deixar uma mãe de família presa por seis meses por ter roubado uma caixinha de margarina”, argumentou.