Itacuruba e Petrolândia, cidades do Sertão do Estado, apresentam índice de transtornos mentais e suicídios acima da média nacional.
A informação é do Conselho Regional de Medicina (Cremepe), que tomou como base dados do Sistema Único de Saúde (SUS).
Enquanto a taxa média de suicídios no Brasil é de 4,48 por 100 mil habitantes e a de Pernambuco 3,56, em Petrolândia este índice chega 10,15, de acordo com dados de 2004.
Em Itacuruba, o último dado disponível é de 2002 e mostra impressionantes 26,60 suicídios por cada grupo de 100 mil habitantes.
O relatório divulgado nesta quinta (24) pelo Cremepe aponta que o problema pode estar ligado à história das duas cidades.
Há 19 anos, elas foram relocalizadas, com a transferência de todos os moradores, por conta da formação do lago de Itaparica, que inundou a área original dos municípios. “As cidades foram inundadas, sendo reconstruídas em outros sítios, com perda de terras férteis, conseqüente perda da base produtiva que era a agricultura, além da perda de referências simbólicas e ancestralidade”, afirma o relatório do Cremepe.
O órgão também denuncia a falta de um serviço de saúde mental nos municípios como agravante da situação, junto com a ausência de perspectivas de vida e desemprego elevado.
Um questionário aplicado em abril pelo Conselho, junto a 120 pessoas revelou que 68% dos pesquisados em Petrolândia e 63% em Itacuruba apresentam “sofrimento mental”. “Mais de sete respostas positivas para o questionário indicam que a pessoa sofre do problema”, explica o médico psiquiatra Augusto Maciel.
O prefeito de Petrolândia, Marcos de Souza, não acredita que a relocalização das cidades seja responsável pela situação.
Mas acrescenta um outro dado perturbador: muitos suicídios teriam acontecido através da ingestão de agrotóxicos. (Com informações da Editoria de Cidades do Jornal do Commercio)