O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PE), Jaime Amorim, disse agora há pouco que não está preocupado com a indignação que provoca nas classes médias quando interrompe estradas - como aconteceu na manhã desta quarta (23), em 14 pontos do Estado, das 7 às 10 da manhã. “Ficaria preocupado se a indignação viesse das classes menos favorecidas”, explicou.

Para ele, quem mais usa as BRs e, portanto, mais se contraria com os bloqueios, é a classe média. “Mas ela também tem que dar sua parcela de contribuição”, acredita.

A interrupção das estradas foi a tarefa que coube ao MST dentro do “Dia Nacional de Paralisação”, articulado por diversas entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e União Nacional dos Estudantes (UNE). “É um protesto contra esse modelo de desenvolvimento econômico que privilegia o capital financeiro em detrimento do setor produtivo”, afirmou. “Não é um ato contra o governo é contra o modelo, que infelizmente também vem sendo adotado pelo governo Lula”, reconheceu.

Pela manhã, em entrevista à Rádio CBN, Amorim disse que os bloqueios nas estradas não tinham como objetivo ser simpáticos à população. “Não se trata de ganhar a simpatia, mas de mostrar que este país merece respeito”, explicou.

Quer dizer: como, na sua lógica, é a clase média que fica impedida de ir e vir, não tem problema.

Acontece que a reportagem da CBN também entrevistou o médico Rodrigo Silva, que ficou parado por mais de 2 horas na BR 408, em São Lourenço da Mata, sem poder seguir para a cidade de Aliança, onde daria plantão.

E quem estava esperando por ele no posto de saúde do município?

Certamente as classes médias.

Os bloqueios pela manhã mobilizaram cerca de 3.500 pessoas.

Foram realizados na ponte entre Petrolina e Juazeiro, Petrolândia, Floresta, Ibimirim, Ouricuri, Cabrobó, Serra Talhada, Garanhuns, Pesqueira, Caruaru, Gravatá, Goiana, Escada e Palmares.

Para a passeata da tarde no Recife, da Praça Oswaldo Cruz ao centro da cidade, o MST levaria 8 ônibus lotados.

A manifestação também conta com a adesão dos servidores federais, metroviários e professores particulares em greve.

A classe média vai sofrer novamente com os engarrafamentos.