No sábado, sempre atento aos interesses maiores do Estado, revelei aqui neste espaço que a ministra da Casa Civil, Dilma Rouseff, garantiu ao Rio Grande do Sul a permanência do dique seco da Petrobrás naquele Estado.

Suape também disputa o empreendimento.

Nesta segunda, recebi de um leitor atento do Blog uma série de observações, que julgo bastante pertinentes.

Pode ser útil para as editorias de Economia e Política. 1 - A notícia diz que o ex-governador Germano Rigotto atraiu o pólo naval para o Rio Grande do Sul e a governadora Yeda Crusius não deixa a peteca cair.

Não deixa a peteca cair, vamos reconhecer, graças em parte a uma enorme pressão política junto ao Governo Federal e ao fato da ministra Dilma Roussef ser gaúcha.

Bom, é o caso de se perguntar como é que uma governadora tucana, ou seja, do principal partido de oposição ao Governo Federal, consegue ter toda essa banca em Brasília junto ao Governo do PT. 2 - A equação que vinha sendo costurada até o momento pela Petrobras, de acordo com fontes do setor naval, era instalar um dique seco no Rio Grande do Sul e outro no Complexo Industrial e Portuário de Suape (PE) e isso graças a uma articulação da Camargo Corrêa, sócia do Estaleiro Atlântico Sul, junto com a Queiroz Galvão e a PJMR. 3 - E o Governo do Estado, aliado do Governo Federal e na mais perfeita sintonia política com o presidente Lula, não vai simplesmente fazer nada, vendo Pernambuco perder a possibilidade de consolidar seu pólo naval com o filé do setor, que é a produção e reparo de plataformas de petróleo?

Instalar out-doors dizendo que se “atraiu” o EAS em um mês é facílimo, mas ter visão de negócio, defender com unhas e dentes o desenvolvimento da economia local como a Yeda Crusius vem fazendo e ter força política pra valer é algo bem diferente, convenhamos. 4 - Só em nível de comparação, para se ter uma idéia da escala que esse nicho representa: os 10 navios Suezmax que o EAS vai produzir para a Transpetro representam uma encomenda de US$ 1,2 bilhão.

Uma única plataforma nova da Petrobras custa em torno de US$ 1,5 bilhão. 5 - O que o Governo Estadual e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) pretendem fazer para reagir à pressão gaúcha?

Afinal, a palavra final sobre a localização do dique seco 2 ainda cabe à Petrobras, suponho, e não a ministra-chefe do Gabinete Civil, Dilma Roussef. 6 - Um último questionamento: se o Rio Grande do Sul vai concentrar investimentos de US$ 5 bilhões no seu pólo naval e abocanhar sozinho o filé do setor naval brasileiro, o que restará para os estaleiros dos outros estados, como Pernambuco e Rio de Janeiro? 7 - No caso de Pernambuco, essa concentração de negócios no Rio Grande do Sul pode representar, sim, a inviabilização do Estaleiro Atlântico Sul, caso o EAS tenha de se contentar apenas com a produção de navios.