Por Ayrton Maciel Da Editoria de Política do Jornal do Commercio No primeiro momento, o susto: estar na lista do prefeito João Paulo (PT) para a sucessão 2008.
Passado o espanto, a definição: admitir a possibilidade de ser a candidata do PT à Prefeitura do Recife.
Um dos nomes preferidos de João Paulo, a secretária de Gestão Estratégica e Comunicação Social, Lygia Falcão, 44, defende que o candidato das esquerdas saia do PT, diz que aceita a missão, mas descarta prévias.
Ela ressalta que não vai disputar a indicação com João da Costa, secretário do Planejamento Participativo e outra opção do grupo político do prefeito.
NOME DO PT “Como militante, quero que o candidato seja do PT. É legítimo que o PT, depois de duas belas gestões, realizando na Prefeitura do Recife uma experiência vitoriosa, queira disputar a sucessão. É legítimo que (o candidato) seja do PT.” NATURAL “Eu nunca trabalhei com o projeto de vir a ser candidata.
Como muita gente, eu também fiquei surpresa (quando João Paulo revelou que ela seria uma de suas opções).
Nunca me vi disputando um cargo, seja para vereadora ou deputada.
A partir da experiência na Prefeitura do Recife, o fato é que meu nome tem sido lembrado por segmentos de trabalhadores e pelo prefeito, em várias ocasiões.
Como eu não me colocava nessa perspectiva, eu não deixava isso prosperar.
Eu dizia que não tinha pretensão de ser candidata à prefeita, mas, de uma hora para outra, isso foi tomando corpo.
A partir do Carnaval, por eu ter sido coordenadora do projeto 100 Anos de Frevo, isso me projetou mais.” A CONVERSA “Sim, conversamos.
Ele (João Paulo) me falou: \Eu não lhe disse que você é uma das minhas opções?.
Eu me espantei quando isso se tornou público, porque uma coisa é surgir numa conversa restrita, outra coisa é ser manchetes ou colunas de jornais, virar especulação e ser abordada nas ruas ou restaurante como candidata, prefeita.
Isso é novidade.
Vou aguardar o tempo certo para a política.
Eu falei para o prefeito que num primeiro momento assustei-me com isso.
Agora, estou considerando a possibilidade (de ser candidata).” A CONDUÇÃO “Ele (João Paulo) me disse: ‘Ainda não está no momento de conversarmos.
Seu nome surgiu, está tendo credibilidade, é um reconhecimento do seu trabalho e uma identificação com a continuidade do projeto (administrativo), e isso pesa muito’.
Eu digo que o melhor candidato será o que ele apoiar.
Confio na condução que o prefeito vai dar ao processo.
Estou aguardando para conversar melhor com ele, saber o que ele pensa.
O momento atual é mais de observação da movimentação toda.
Estou observando e considerando, agora.
Há pessoas que torcem pela continuidade do projeto.” PREPARADA “Não há o pronto e acabado, até por meu nível de exigência.
Sei que tenho muito a aprender, e procuro isso acompanhando as ações do prefeito.
Sei, também, que tenho tido uma participação muito importante.
Por outro lado, nunca disputei uma eleição, mas isto é muito relativo.
Não tenho a experiência de candidata, mas tenho a experiência administrativa.
Da ação de governo, eu conheço bem.
Digo que me acho capaz.” A CANDIDATA “Eu estou admitindo a possibilidade que antes eu nem sequer imaginava.
No PT, há vários pré-candidatos.
O fato de meu nome estar sendo colocado e haver gente entusiasmada com isso, me dá uma responsabilidade de considerar (a candidatura).
Ao mesmo tempo, não sei em quais condições vai se dar a definição do candidato.
A avaliação se entro ou não na disputa será feita com João Paulo.” PRÉVIAS “Não.
Se os próprios líderes João Paulo e Humberto Costa (secretário estadual das Cidades) já descartaram, não tenho nem porque achar que esse é um caminho.
Até porque, independentemente de ser o meu nome ou não, as prévias no PT têm deixado muitas seqüelas.
Mesmo que dê mais trabalho, vale a pena a construção de um nome de unidade.” A UNIDADE “Acredito que o PT vai chegar unido em 2008.
O patrimônio que o partido construiu foi com muito esforço, e todos nós sabemos disso, sabemos o esforço que foi para chegar à Prefeitura.
A liderança, a experiência e o respeito que João Paulo tem, inclusive fora do PT, para conduzir o processo, não pode ser desconsiderado.
Seria uma loucura do PT desconsiderar a grande liderança de João Paulo.
Isso não vai ser jogado no lixo.
Eu confio no bom-senso político.
Muitas vezes, o PT parece faltar com ele, mas eu sou otimista.
Acredito que a gente chegará a um entendimento.” JOÃO DA COSTA “Acompanho há muito tempo João da Costa (secretário de Planejamento Participativo e também opção de João Paulo) e sei o quanto é comprometido com esse projeto político e a sua continuidade.
Sei da importância dele no sucesso da gestão.
Ficaria muito feliz também com a possibilidade dele ser candidato.
Não há antagonismos entre nós.
Não estamos disputando para ver quem será o candidato.
Somos opções.
Do ponto de vista da proximidade e da identidade com o prefeito, somos os dois que surgem com esse perfil.” AS GESTÕES “As duas gestões (de João Paulo) serão o trunfo do candidato, seja quem for. É impressionante o volume de obras.
A gente tem muito o que mostrar numa campanha eleitoral.
Foi importante para a reeleição do prefeito.
Em 2006, Humberto Costa não explorou tudo que poderia explorar, porque entrou numa linha de combate muito forte por conta das acusações (escândalo das sanguessugas).
Já Eduardo Campos fez isso, no segundo turno, de forma competente.” A PREFEITURA “Na Prefeitura do Recife, eu assumi mais a organização e a estruturação estratégica da gestão.
Um trabalho mais interno.
A articulação de projetos e a interface entre as secretarias, que começou na chefia-do-gabinete.
Com a reforma administrativa (na primeira gestão), que uniu a ação estratégica à comunicação, esse trabalho ganhou maior dimensão e maior visibilidade externa.
Sempre acompanhei a comunicação das campanhas de João Paulo e das duas gestões.” MILITÂNCIA “No PT, nunca fiz parte de nenhuma corrente política.
Sempre fui independente.
Entrei no partido por identificação, acompanhando o pessoal da universidade (UFPE) que fazia o movimento estudantil.
Comecei a atuar na estrutura organizativa do partido, mas nunca fiz parte da direção.” IDENTIDADE “Conheci João Paulo quando assessorava o Sindicato dos Metalúrgicos e identifiquei nele as idéias nas quais eu acreditava, como a formação política dos trabalhadores, o ideal socialista.
Uma identificação com o pensamento e a ação política.
Ele sempre foi muito coerente entre o discurso e a prática.
A gente encontrava ele nas portas de fábricas fazendo a formação política.
João Paulo é fundador do PT (estadual) e era a grande liderança sindical.
Entrei na campanha dele, em 1986 (não eleito deputado estadual), por conta de meu trabalho sindical, numa equipe do Centro Josué de Castro que assessorava sindicatos.
A partir daí, participei de todas as suas campanhas.” O GRUPO “João Paulo nunca foi de ter grupo.
Isso apareceu com os mandatos.
Ele sempre foi uma liderança de massa.
No PT, chegou a ser presidente estadual, porém, muito mais por conta de sua trajetória política do que por articulação interna entre tendências.”