Da Editoria de Cidades do Jornal do Commercio Manifesto assinado por 12 entidades da sociedade civil repudia a declaração do prefeito do Recife, João Paulo Lima e Silva, que definiu como “elite intransigente” os opositores do projeto do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Zona Sul da cidade, na semana passada.
A proposta, elaborada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e apresentada no dia 12 de março último, prevê a construção de teatro, salão para exposições, lojas e restaurantes, além de área verde, nos terrenos destinados ao parque.
A Associação Amigos do Parque, criada para defender a implantação de uma área verde no lugar, questiona a implantação de um centro cultural e de lazer, como pretende a prefeitura.
No documento, as entidades consideram “infeliz e pejorativa” as palavras do prefeito.
Também destacam que o grupo “rejeita a concepção de um Centro de Eventos”, como está sendo sugerido para o lugar.
Na proposta inicial do escritório de Niemeyer, o teatro tem capacidade para 500 pessoas.
Mas o palco se abre para o lado de fora e permite eventos com público de até 20 mil pessoas.
Além do manifesto, a associação tem um abaixo-assinado com 35 mil nomes, de pessoas de vários bairros do Recife e Região Metropolitana, contrários ao projeto do centro cultural para os terrenos.
A área do parque fica entre as Avenidas Boa Viagem e Visconde de Jequitinhonha.
O grupo reivindica “um parque urbano com área verde e equipamentos para exercícios físicos e lazer, num ambiente propício à tranqüila convivência social”.
As entidades discordam do prefeito, quando ele associa a polêmica criada em torno do projeto à proximidade das eleições municipais de 2008.
Assinam o manifesto a Associação Amigos do Parque, Associação dos Moradores do Pina, Boa Viagem e Setúbal, Clube de Engenharia, Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-PE), Instituto Solidarista, Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE), Fórum de Reforma Urbana (Feru), Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan), Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap), Associação Pernambucana de Engenheiros Florestais (Apef), Associação Ecológica de Cooperação Social (Ecos).
Alexandre Moura, representante da Ecos, informa que a entidade sempre defendeu um parque arborizado em Boa Viagem. “Quanto mais verde e solo natural, melhor para a cidade, porque cria um refúgio ambiental para pássaros e abelhas nativas.
O parque funcionaria como abrigo e alimentos para os animais, além de oferecer conforto térmico na região”, diz.
Ele sugere o plantio de vegetação de restinga no lugar (cajueiro, mangabeira, aroeira), resgatando um ecossistema que se perdeu no bairro.
Na avaliação do presidente da SNE, Marcelo Mesel, os terrenos não têm vocação para receber um centro de eventos. “A população da cidade necessita de área verde, de espaços para lazer e contemplação, com equipamentos leves como pista de cooper e brinquedos”, comenta.
Marcelo Mesel acrescenta que o custo do Parque Dona Lindu, R$ 20 milhões, seria mais do que suficiente para a prefeitura ordenar os Parques do Jiquiá, Uchôa e dos Manguezais, além de construir o de Boa Viagem.