Pirotecnia em inglês Por Terezinha Nunes, Deputada Estadual (PSDB) Quem, de idade mediana, não se lembra disso?

Faz anos que os bicheiros do Rio de Janeiro desfilam na TV, ora como presidentes das escolas de samba, entrevistados pelos jornalistas, ora algemados a caminho de alguma unidade policial.

No começo eles tinham cabelos pretos, eram atléticos.

Agora estão de cabelos brancos, mais barrigudos.

Anos vão, anos vêm e as cenas se repetem.

A posição dos bicheiros, que continuam mandando no crime organizado do Rio de Janeiro, é talvez a maior prova de impunidade existente em nosso país.

E nada garante que a ação recente da Polícia Federal sobre eles – agora envolvendo juízes e até desembargadores – vai dar em alguma coisa.

O motivo para isso talvez seja a pirotecnia.

Antes como agora, ao invés de investigações sérias, as autoridades policiais preferem desfilar na mídia com esses homens, para cima e para baixo, em busca de holofotes.

Quando a exibição termina e a população esquece, voltam eles para as ruas para só aparecer no próximo carnaval.

Os nomes são conhecidos, de tanto serem ouvidos nas operações carnavalescas e policiais: Aniz Abraão David, Antonio Petrus Kalil e Ailton Guimarães, o Capitão Guimarães.

Agora volta a Polícia Federal à cena.

Há dias exibiram novamente esses senhores na TV e vem mais por aí.

Anuncia a PF que a Operação Hurricane (Furação, em inglês) vai ter a segunda fase e mais gente será presa por envolvimento com esses bicheiros.

Quem pode garantir que isso tudo vai dar em alguma coisa? É difícil acreditar que agora é para valer.

Até porque começou da mesma forma: com uma grande exibição na TV.

Nem mesmo a sofisticação da nova roupagem, com a PF usando uma língua estrangeira para dar nome às suas investidas, pode significar muita coisa.

Talvez, quem sabe, algum espaço na mídia internacional e aí é que a pirotecnia vai rolar.

Em inglês, é claro.