O coronel Meira acredita que a melhor motivação que pode dar aos seus comandados, já que não pode oferecer melhores salários, é estar na rua, ao lado deles. “Eu bem poderia ficar aqui, no ar-condicionado, dando ordens, mas não é o meu estilo.
Já começamos a mudar quando ganhamos a liberdade de indicar os comandantes de batalhão.
Agora, os comandantes de batalhão vão escolher os seus comandados.
A missão é árdua e temos que dar resultados.
Todos devem estar engajados.
A União é que fará a nossa força”, diz.
Em dois meses, os próprios comandantes é que avaliarão os seus comandados. “Vamos fazer um raio x.
Como já disse, quem estiver rendendo não tem que ficar preocupado”, diz. “Vim de baixo.
Já ralei muito com eles, no 6º Batalhão.
Quando eu era tenente, estava na rua.
Porque virei coronel não vou estar?
Não vou deixá-los sozinhos na rua.
Se a gente não estiver ao lado da tropa, é melhor fechar a PM”.
Neste ponto, ele reclama das aspirações dos novos soldados e oficiais. “O cara está estudando, mas só pensa em passar e ganhar um gancho na Assembléia Legislativa, no Poder Judiciário.
Não está certo.
A essencia do policial é a rua, fazendo o seu serviço de proteção à população.
Depois vai subindo.
Tem muitos que entendem de informática, por exemplo, mas não tiveram a oportunidade de ter a essência desta profissão, como a Rádio Patrulha, no serviço de rua.
Oficial tem que estar nas ruas”, defende.
Meira diz que não se trata de vocação, mas apenas compromisso com o salário que ganha. “Posso olhar olho no olho de qualquer cidadão e ter a certeza de que valho cada centavo do dinheiro que ganho.
Sou um prestador de serviço.
Quem me paga é a sociedade, com seus impostos.
O mínimo que faço é retribuir com meu trabalho”, afirma. “Nos últimos cinco anos, eu estava nos campos de futebol, todo final de semana.
Não quero ar-condicionado.
Sábado e domingo ninguém vai me encontrar em casa, pode apostar”, diz, numa das salas do prédio do Quartel do Derby quase vazio.