Assim que passar o cargo de Superintendente Regional do Incra para o interino Francisco José Nascimento, a polêmica Maria de Oliveira vai retomar o comando do Sítio São Joaquim, de quatro hectares, propriedade de sua família na cidade paranaense de Guapirama, a 340 quilômetros de Curitiba. “Tenho alguns animais e também planto milho, feijão e hortas”, contou a superientendente demissionária, em sua coletiva dessa sexta-feira (11).

Maria de Oliveira, que nasceu em Guapirama, é cidadã recifense desde dezembro passado.

A proposta para que ela recebesse o título foi apresentada pelo vereador Augusto Carreras (PV). “Aprendi muito com Pernambuco”, disse. “Levo muita saudade de tudo que aprendi, curti e comi aqui”.

Servidora aposentada do Incra, ela gostaria de retornar à Ouvidoria Agrária Nacional, ligada ao órgão.

Mas diante de suas diferenças com o Ministro do Desenvolvimento Agrário Guilherme Cassel e o presidente do Incra Rolf Hackbart, isso não deve acontecer.

Divisão De personalidade forte e um tanto messiânica, Maria de Oliveira dividiu o corpo funcional do Incra Pernambuco. É amada por uns, odiada por outras.

Sobre o perfil dos servidores do órgão, suas declarações são polêmicas. “O time que faz (trabalha pela reforma agrária) é pouco.

O que assiste, muito maior.

O que é contra é pequeno, mas uma laranja podre pode comprometer toda a cesta”, disse na entrevista coletiva.

Ela também critica um grande número de funcionários que não se adequam às novas tecnologias. “Muitos têm medo de computador”, afirmou.

Para ela, dos 287 funcionários do Incra, 105 (isso mesmo, 105) têm “capacidade tecnológica”.

Mas o seu xodó é um grupo de 47 funcionários mais jovens, que entraram por concurso em 2004. “Se cumprimos nossas metas de trabalho , é porque existe um grupo (os mais jovens e alguns mais antigos com muito conhceimento sobre a questão agrária) que trabalha 24 horas por dia”, afirma.

Maria de Oliveira, que já foi superintendente regional do Incra em Sergipe e no Paraná, assumiu a superintendênciade Pernambuco em julho de 2004.

Naquele ano, o Incra/ PE assentou 736 famílias e desapropriou 15,2 mil hectares de terra com orçamento de R$ 16,6 milhões.

Em 2005, foram 3.474 famílias, 32,1 mil hectares e R$ 34,7 milhões.

Pelas contas da ex-superientendente, 2006 foi o melhor ano do Incra Pernambuco desde o início do governo Lula.

A meta de assentar 5.260 famílias foi superada em 348, com 42 mil hectares obtidos e provisão recebida de R$ 67,2 milhões.

Para 2007, o orçamento previsto encolheu cerca de R$ 30 milhões, mas a meta de assentamentos é a mesma do ano passado.

Até o momento, foram assentadas apenas 203 famílias.

Muitos dos números e das avaliações que Maria de Oliveira faz sobre o corpo funcional do Incra são contestados por uma parte dos funcionários.

Para eles, sua saída é um alívio (leia aqui).