Por Amanda Tavares Antes de responder ao Sintepe, gostaria de esclarecer que, além de jornalista, sou professora da rede estadual de ensino.

O que relatei, portanto, não foi baseado em apenas uma visita à última assembléia.

Sempre que vou a esses encontros, percebo que há uma dispersão muito grande.

Aliás, na escola onde trabalho, apenas 10% dos professores costuma participar.

O restante alega que “cansou” de acreditar nos movimentos organizados pelo Sindicato.

Os motivos, já sabemos quais são, já os citei na matéria.

Na assembléia do dia 16 de março, um professor, conhecido meu, que assumiu ano passado, participou pela primeira vez.

Assim que chegou, ele ficou indignado com a desorganização. “Estava acostumado com as assembléias da casa do estudante.

Lá, alguém lê a pauta, depois discutimos e em seguida a votação é realizada.

Nunca pensei que fosse encontrar esse clima aqui”, comentou.

Ontem, cheguei ao Tabocas por volta das 15h, quando a deputada Teresa Leitão estava falando.

Antes mesmo de entrar, encontrei um colega indo embora e outro saindo do auditório para tomar uma água, por causa do calor provocado pela superlotação.

Perguntei, então, aos colegas que estavam dentro do teatro, o que já havia ocorrido.

Ele informaram que, antes da deputada, uma pessoa do sindicato tinha dado os informes e em seguida falou o deputado Paulo Rubem.

Até então, todos aguardavam, ansiosos, a discussão da pauta.

Depois disso, subiu ao palco o deputado Luciano Moura.

Pelo que percebi, muitos não sabiam nem quem ele era.

Como eu já disse na matéria de ontem, ele elogiou os planos do governo federal, mais especificamente o Plano de Desenvolvimento da Educação, lançado por Lula há algumas semanas, incentivou os presentes a acreditarem nos investimentos do governo e, por fim, colocou o seu mandato à disposição.

Quando o deputado saiu e o presidente do Sintepe, Heleno Araújo, começou a discursar, todos pensavam que a assembléia iria, de fato, começar, o que não aconteceu.

Em um certo momento, ouvi um colega dizer. “Vamos, eu quero é levantar a mão (para votar), esse papo todo não me interessa”, reclamou.

Daí, então, os professores que estavam por perto começaram a se queixar. “Toda vez é assim. É por isso que muitos professores não vêm mais”, dizia outro.

Saí de lá aproximadamente às 16h e nada, ainda estava definido.

Hoje, na escola, perguntei a uma professora que acompanhou até o final e ela afirmou, não só para mim, como para outros colegas, que, de concreto, tinha ficado acertada uma paralisação no próximo dia 23.

Quem trabalha ou conhece alguém que trabalha em alguma das escolas estaduais, deve saber que o que eu falei, aliás, o que nós falamos, porque há depoimentos de outros professores também, é verdade.

Até sugiro que, na próxima assembléia, o próprio Sintepe, e também a imprensa, questione os docentes para ratificar a informação.

Eu não coloquei aqui a minha opinião, mas relatei o que vi e procurei, inclusive, dar voz ao sindicato, através de entrevista a um dos integrantes, Thiago Vasconcellos.

Em relação ao expediente, como muitos bem sabem, existem professores que exercem atividades em outras empresas e, portanto, nem todos estavam no seu horário de expediente no momento da assembléia.

Mesmo assim, foram porque ainda acreditam nas conquistas e, no momento, estão curiosos em relação a decisões tão esperadas como o Fundeb e o Piso Salarial.

O fato de se abrir espaço para políticos, é algo que está incomodando não somente os pernambucanos.

Uma colega jornalista divulgou a matéria de ontem para uma lista de e-mails.

Um dos contatos dela, um jornalista da Bahia, respondeu da seguinte maneira: “Se você não tivesse creditado eu poderia afirmar que o jornal é baiano e a assembléia dos professores da Bahia.

Aqui é a mesmíssima coisa.

Líderes convidam os deputados que os representa, que vão ali conquistar suas almas.

Depois bemmmmm no final abrem para a discussão com os coligados que dispõem do tempo todo do mundo para falar.

Quem se opõe tem que se virar nos trinta para dar o recado porque se ultrapassar um segundo o microfone é desligado.

Eles já chegam na assembléia com o resultado combinado.

Quem acompanhou movimento estudantil lembra, nada mudou.

Uma professora neófita no ramo se chocou com uma prévia de uma destas assembléias no período pré-eleitoral, quando assistiu à seguinte determinação: ‘Vamos acabar a greve amanhã.

Já está prejudicando nosso candidato’.

Dito e feito (…) Enquanto isso as escolas públicas vão vivendo um faz de conta eterno, fabricando analfabetos funcionais em série.” Não sou ligada a partido político algum e tampouco tenho a intenção de atacar ou defender governo, entidade ou autoridade.

Como funcionária pública, acho até ignorância acreditar que os planos do governo atual não vão dar certo, pois, pensando assim, estaria jogando fora todos os meus sonhos e conquistas, estaria acreditando, que vou passar, pelo menos mais quatro anos, na mesma ou na pior.

No entanto, não posso ser covarde ao ponto de me calar quando discordo de algo e vejo que muita gente da categoria pensa como eu.

Se é democracia, sugiro, então, que seja aberto um espaço para se discutir isso.

Se os professores estão insatisfeitos com a entidade que os representa, têm mesmo é que falar.

Afinal, há coisas que só um bom diálogo resolve.

PS: Democraticamente, caso o Sintepe entenda ser necessário novos esclarecimentos, o espaço está aberto.