Sobre política, poder e segurança pública Por João Valadares No PE Body Count de hoje Novembro de 2005.

O governador era Jarbas Vasconcelos e o comandante do Batalhão de Choque, coronel Meira.

O atual secretário-executivo de Justiça e Direitos Humanos, Fernando Matos, leitor assíduo do blog, era coordenador do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop).

Isaltino Nascimento (PT), hoje líder do governo na Assembléia Legislativa, era defensor fervoroso dos direitos humanos.

Pois bem.

Depois da pancadaria para todos os lados, spray de pimenta e gravatas em estudantes na capa dos jornais, Matos e Isaltino Nascimento, acompanhados de várias entidades de direitos humanos, foram até o Palácio do Campo das Princesas solicitar a cabeça de Meira a então secretária do Gabinete Civil, Lúcia Pontes.

Papo vem, papo vai e Meira continua.

Na época, os dois não se conformavam de o governo manter um oficial truculento à frente da tropa distribuindo gravatas e pimenta para todo o mundo.

Declarações e mais declarações de repúdio nos jornais.

Resolvi ligar para Fernando Matos agora no fim da tarde e fazer uma pequena entrevista.

Apenas três perguntas: - Secretário, lembro que o senhor pediu a demissão de Meira durante a gestão anterior.

E agora o senhor defende o nome dele?

Fernando Matos - O governador disse que segurança pública e direitos humanos vão atuar em harmonia.

A segurança pública realiza os direitos humanos.

O Meira foi indicado para executar uma tarefa.

A sociedade civil vai ter capacidade de monitoramento. - O senhor está me dizendo que o nome dele é ideal para assegurar a garantia dos direitos humanos?

Fernando Matos - Acho que o comandante da Polícia Militar não seria irresponsável de indicar uma pessoa que não pudesse conduzir dentro das diretrizes do governo.

Ele avaliou as condições do oficial e viu que era possível. - Então o senhor aprova o nome dele agora?

Fernando Matos - Se o governador aprovou, não sou eu que vou desaprovar - Então tá, secretário.

Ah.

Ia esquecendo de Isaltino.

Em entrevista publicada no JC de ontem (07), o parlamentar disse ter convicção de que o oficial Meira está sintonizado com a política de diálogo assumida pelo Estado.

Nada como uma eleição.

Mangabeira Unger tá fazendo escola.