Por José Maria Mayrink Depois de ter enfrentado o então ministro Ciro Gomes, no primeiro mandato de Lula, o bispo de Barra queixa-se agora de seu sucessor, Geddel Vieira Lima. “O novo ministro, que era contra a transposição como deputado, agora mudou de posição”, disse d.

Luiz Flávio Cappio. “No projeto de transposição, água não é para matar sede de homem e de animal, pois se visa o aspecto econômico”, acrescenta.

Esse argumento sensibiliza o episcopado, mesmo quando não aceita uma posição radical contra a transposição. “Não considero que o gesto de d.

Luiz seja o mais correto, não sei se (a greve de fome) é o melhor caminho, mas duvido que outra pessoa conheça melhor o problema do que ele”, disse o bispo de Floresta (PE), d.

Adriano Ciocca Vasino, que apóia a captação de águas em alguns cursos do rio. “Se é para resolver o problema da sede, tem que ser discutido com objetividade, pois tem havido debate baseado em emoções.” D.

Irineu Roque Scherer, bispo de Garanhuns (PE), município ao qual pertencia Caetés, terra natal do presidente Lula, reforça o apoio à transposição, mas também se preocupa com a falta de debate sobre a questão. “Onde fica a revitalização e como serão controladas as empresas encarregadas das obras?”, pergunta o bispo.

Os problemas são tão complexos, acrescenta d.

Irineu, que até agora o episcopado não conseguiu chegar a um consenso, “apesar de a CNBB ter promovido seminários com técnicos da área para explicar as vantagens e as implicações da transposição”.

D.

Adriano e d.

Irineu são do Regional Nordeste 2, cujas dioceses se localizam acima do rio. “Temos uma posição nítida, fechada por 20 bispos desse Regional, com apenas uma ou duas exceções”, disse o arcebispo da Paraíba, d.

Aldo Pagotto. “Somos todos pela revitalização, mas queremos a integração das bacias”, acrescentou.

Soluções técnicas viáveis possibilitam, em sua opinião, a irrigação por gotejamento para a produção de frutas, cooperativas e reforma agrária. “Há uma ignorância geral, muita polêmica sem conhecimento de causa”, afirma o arcebispo.

A transposição significaria retirar 26 metros cúbicos de água por segundo, de um total de 1.700 a 1.800 metros cúbicos por segundo. “Queremos apenas um fiozinho de água, num projeto de canalização que poderia ser iniciado no eixo Leste-Oeste, não para acumular reservas nos açudes, mas para matar a sede do Nordeste e para irrigação.” D.

Aldo disse que não vai discutir mais a questão. “É desagradável me opor a d.

Luiz Cappio”, justificou.