Ao estabelecer a meta de redução de 12% no número de homicíos em Pernambuco, nos próximos 12 meses, o governo Eduardo Campos assume um compromisso cuja fatura será cobrada sem falta - pela oposição e pela sociedade - no início de maio de 2008.

E se alguma coisa der errado?

E se a meta não for atingida? “Quem pensa estrategicamente, não tem medo de crises estruturais”, diz Eduardo.

Ele lembra que o governador Aécio Neves (PSDB), em seu primeiro mandato à frente do governo de Minas Gerais, também estabeleceu um índice de redução no número de mortes intencionais violentas.

No primeiro ano, a meta não foi alcançada.

Mas o governo mineiro insistiu com seu projeto contra a violência e os números começaram a cair. “Se Aécio tivesse vacilado, entrado em crise existencial, não teria conseguido reverter”, afirma o governador de Pernambuco. “É preciso ter coragem para sustentar a política.

E transparência para mostrar à sociedade o que está dando certo e o que está funcionando mal”, conta.

Ele acredita que o Plano Estadual de Segurança (Pacto pela Vida) representa um salto cultural importante para a máquina pública.

Seu sonho é ver o plano transformado em uma política permanente do Estado, e não apenas do seu governo. “O primeiro passo para que isso aconteça é fazer com que este plano dê certo e seja incorporado à cultural da máquina estatal”, analisa. “Depois, precisamos consagrá-lo nas conferências estaduais de segurança e nos encontros nacionais sobre o tema”, diz o governador. “Então, a própria sociedade civil organizada não vai mais permitir que se recue nesta política”.

UNIÃO Embora tenha entrado em conflito, no mês passado, com a equipe do governo anterior no episódio da desarticulação de grupos de extermínio que atuavam no Estado, Eduardo Campos continua mantendo o discurso de que não quer transformar a segurança em uma questão da “política menor”. “Não tem \xá comigo\ que eu resolvo”, enfatiza o governador. “Para resolver este problema tem que ser todo mundo junto”.

Nessa terça, o anúncio do Pacto pela Vida foi acompanhado por mais de 100 pessoas que lotavam o Salão de Banquetes do Palácio das Princesas.

Eram membros do governo e representantes das entidades sociais que participaram das discussões para a elaboração do plano.

Da mesa que presidia o encontro, faziam parte, além do próprio governador, o Presidente da Assembléia Legislativa, Guilherme Uchôa (PDT), e o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Fausto Freitas.

Os três poderes do Estado, juntos, reforçando o significado simbólico que Eduardo Campos pretende dar ao tema segurança. “Se temos a história libertária que nós temos.

Se nos unimos para construir Suape, para trazer a refinaria, por que não podemos nos unir para enfrentar a questão da segurança em uma sociedade literalmente em crise”, questionou.

Segundo Eduardo, Pernambuco foi considerado o Estado mais violento, de um país violento, por 18 vezes nos últimos 25 anos. “Cabe a todos nós enfrentar o problema”, repetiu. “Estamos diante de um país que por três décadas não cresceu, não se desenvolveu, não incluiu”.

Ao lado do Pacto, o governador faz fé no PAC, o Plano de Aceleração de Crescimento do governo federal como alternativa fundamental para diminuir as desigualdades sociais e ajudar a conter a violência.