Da Editoria de Política do Jornal do Commercio O PSB estadual, o Movimento dos Sem-Terra (MST), a Fetape e outras entidades vinculadas à reforma agrária mobilizam-se para manter no cargo a atual superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Pernambuco, Maria de Oliveira, ameaçada de exoneração por declarações feitas em que criticava o orçamento deste ano para desapropriações e assentamentos e por cobrar mais prioridade do Ministério do Desenvolvimento Agrário para a reforma agrária.
O deputado socialista e 1º secretário da mesa da Assembléia Legislativa, João Fernando Coutinho, conseguiu, ontem, a assinatura de 26 parlamentares (de um total de 49) em apoio a um manifesto pela permanência de Maria de Oliveira, que será encaminhado ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e ao presidente do Incra, Rolf Hachbart.
O abaixo-assinado e o manifesto receberam o apoio, na Assembléia, do ex-coordenador estadual e hoje um dos coordenadores nacionais do MST, Jaime Amorim, e do administrador judicial da Usina Catende, Marivaldo de Andrade.
Nos bastidores da Assembléia, corria a versão de que o governador Eduardo Campos (PSB) já “entrou em campo” para assegurar a permanência de Maria de Oliveira – com 30 anos de Incra e que foi ouvidora do órgão –, politicamente vinculada aos socialistas, mas repudiada pelo PT estadual, particularmente a corrente Democracia Socialista (DS), a qual pertence o ministro Cassel. “Maria conseguiu superar as metas de assentamento no Estado”, defendeu João Fernando Coutinho.
Jaime Amorim alertou que a saída de Maria de Oliveira irá atingir as mudanças que deram agilidade ao órgão. “Pernambuco tem o pior Incra do Brasil, do ponto de vista da gestão, da qualificação dos servidores e da disputa interna.
Cerca de 70% dos servidores são contra a reforma agrária e os que sobram têm pouca capacidade técnica.
Maria conseguiu mudar um pouco essa realidade", avaliou. "Ela deu condições a quem tinha compromisso e estimulou os quem tinham interesse em trabalhar.
Este é o Estado com o maior número de assentamentos e conflitos.
Se o Incra é ruim com Maria, certamente sem ela vai ser muito pior”, disparou o dirigente do MST. “Maria de Oliveira conseguiu que os processos andassem mais rápido.
Se ela sair, haverá uma descontinuidade”, complementou o síndico da Usina Catende, Marivaldo de Andrade.