O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado para os ambientalistas e foi enfático ao afirmar que o País poderá entrar definitivamente na "era da energia nuclear" caso persistam os obstáculos às construções de usinas hidrelétricas.
Ao participar, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, da inauguração da usina hidrelétrica Amador Aguiar II (Capim Branco II), citou como alternativas energéticas economicamente viáveis as hidrelétricas e as usinas nucleares. "Nós temos duas alternativas concretas e quero dizer aqui para os empresários: ou nós fazemos as hidrelétricas que temos que fazer, vencendo todos os obstáculos, ou nós vamos entrar na era da energia nuclear", disse Lula, durante discurso.
O presidente afirmou ainda que não terá "nenhuma dúvida" de debater o assunto e fazer "o enfrentamento que tiver de fazer e for necessário". "Vamos fazer usina nuclear porque esse país não pode ficar sem energia para oferecer à Nação brasileira." Porém, ao destacar que o Brasil precisa estabelecer sua "matriz definitiva", disse que a energia gerada por hidrelétricas é "melhor" e "mais barata".
Segundo o presidente, é preciso convencer os envolvidos com o licenciamento ambiental das usinas, nem que seja preciso recorrer ao papa Bento XVI. "Não temos escolhas.
Ou fazemos o que tem que ser feito e aí precisamos todos conversar com o Ministério Público, com as entidades de meio ambiente, com as ONGs, com os tribunais de contas, aproveitar que o papa está vindo e conversar com o papa porque o Brasil não pode parar por falta de energia", concluiu.
Lula foi provocado pelo presidente da Companhia Vale do Rio Doce - que integra o consórcio construtor da usina -, Roger Agnelli, que no seu discurso observou que é possível compatibilizar desenvolvimento com responsabilidade socioambiental. "O Brasil ainda tem um potencial (de geração de energia) enorme para ser explorado.
Acho que deveríamos perseguir isso insistentemente."Ao falar sobre as opções energéticas, Lula alfinetou os defensores das energias alternativas ao dizer que não dá para pensar em "tocar o País" apenas por energia solar ou eólica.
Citou os projetos das usinas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira (RO), que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e cuja demora na licença ambiental gerou intenso debate em torno do assunto. "Nenhum empresário virá investir no Brasil nos próximos anos se nós não dermos a certeza de que o País terá energia para oferecer às indústrias." Lula defendeu a integração energética da América do Sul, observando que o potencial hídrico do continente - transformando o megawatt/hora em barris de petróleo - equivale a quase toda a reserva de petróleo do mundo.