Jingles políticos, faixas com a marca É (da disputa eleitoral do ano passado), panfletos, camisas e banners com as fotos do governador Eduardo Campos e de seu avô Miguel Arraes.
Tudo lembrou um evento de campanha na retomada do programa Chapéu de Palha nesta sexta (4).
Ribeirão, na mata sul, pela manhã, e Paudalho, na mata norte, à tarde, reuniram milhares de canavieiros que fizeram um espetáculo à parte usando chapéus de palha, assim como o governador. "Eles (a equipe do governo anterior) tinham tudo.
Eu, o povo", afirmou Eduardo em um de seus discurso. "Em hora nenhuma falei mal de ninguém, como fizeram com Arraes em 98".
O governador voltou a lembrar, inclusive, a desarticulação de grupos de extermínio que causou discussão acirrada, pelos jornais, entre o governo e a oposição no mês passado. "Vamos acabar com os grupos de extermínio, que têm gente poderosa", afirmou. "Agora o governo tem coragem para enfrentar essas coisas", bateu.
Um dos grupos desarticulados pela polícia em abril tinha como líder Marcionilo Silva, que até março trabalhou no gabinete do deputado estadual João Negromonte (PMDB), cunhado do senador Jarbas Vasconcelos.
CADASTRAMENTO O programa Chapéu de Palha foi criado na segunda passagem de Miguel Arraes pelo Governo do Estado (1987/90).
Na época, previa o pagamento de um salário mínimo durante a entressafra da cana - maio a setembro - para cada família cadastrada.
Em sua versão atual, o governo vai completar o que é pago pelo bolsa-família do governo federal até o limite de R$ 190 (meio salário mínimo).
O cadastramento das famílias começa na próxima segunda (07), nos sindicatos rurais de cada um dos 52 municípios beneficiados.
Como o programa vai alcançar 20 mil famílias, a disputa pelas vagas deve ser grande.
Segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), cerca de 60 mil canavieiros estão desempregados com o fim da moagem da cana. “Não vou permitir nenhum tipo de politicagem (no cadastramento)", advertiu o governador. "Se for do meu governo, eu afasto.
Se for do sindicato, chamo a Fetape.
Se for um prefeito, termino com a parceria".
Para o presidente da Fetape, Aristides Santos, o Chapéu de Palha tem limites que precisam ser ultrapassados, mas sua volta é importante. “A lógica ainda é assistencialista.
Queremos um programa permanente, que funcione todo o ano", avaliou Santos. "Com um movimento sindical organizado e um governador sensível, vamos conseguir”, acredita.
Também nesta segunda, o governo manda um projeto para a Assembléia Legislativa determinando que o programa se torne definitivo, sendo retomado automaticamente sempre no fim da moagem da cana. (Com Sheila Borges, da Editoria de Política do JC)