Do site Comunique-se Se liberdade de imprensa fosse algo normal no mundo, não era preciso criar um Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, comemorado em 03/05.

A data foi escolhida pela ONU por ser o aniversário da Declaração de Windhoek, conjunto de medidas para proteção de jornalistas africanos criado em 1991, na Namíbia.

A declaração enumera atos como censura, intimidação e prisões como formas de coerção ao trabalho da imprensa.

Porém, há medidas mais brandas, mas ainda assim eficazes em atrapalhar a liberdade dos jornalistas, que se tornam cada vez mais comuns.

Em 2002, o jornal O Globo publicou uma foto em que um torcedor chorava o rebaixamento do Botafogo.

O veículo acabou processado por danos morais.“A foto é muito boa.

O cara está debruçado sobre o placar, que mostra o resultado do jogo, chorando.

Tem um grande valor jornalístico.

E o jornal foi processado por danos morais.

O torcedor afirmou que tinha sido alvo de deboches no seu ambiente de trabalho”, relembra Chico Otávio, repórter do Globo.

Departamento jurídicoOtávio acha que a atividade dos jornalistas está cada vez mais sujeita a represarias legais além do que é justo. “A nossa vida está muito ‘judicializada’.

O Globo tem uma estrutura jurídica grande, mas fico pensando nos veículos de menos porte.

Isso pode levar a uma lamentável autocensura, em que fotos e textos deixam de ser publicados para evitar ações. É um perigo”.

Porém, Otávio acha que há um outro lado, e o feitiço pode ser virado contra o feiticeiro. “Certa vez, o jornal recorreu à justiça – e ganhou – contra o governo do Rio de Janeiro na gestão Rosinha Matheus que se recusou a passar uma lista de contratações de um hospital estadual no norte-fluminense.

Isso é informação pública”, diz Otávio, completando que a Folha de S.

Paulo já tinha se valido de expediente semelhante. “Nada a declarar”A célebre frase do ex-ministro da Justiça Armando Falcão – que depois ele tentou reverter no livro “Tudo a Declarar” – é um exemplo de como políticos e homens públicos podem se esquivar da imprensa, em vez de usar a transparência. “Olha, eu acho que o ‘Nada a declarar’ do Falcão está em extinção”, diz Chico Otávio. “Muitos políticos usam assessorias altamente qualificadas que sabem mediar a relação com a mídia.

E políticos não precisam necessariamente dar a sua impressão sobre os fatos.

O que não pode estar inacessível são os documentos públicos.

Ou seja, avançamos muito – felizmente – na área do ‘Nada a declarar’.

O problema está no acesso aos documentos, que está estagnado”, aponta.