Do G1, no Rio de Janeiro Blogs criados por pessoas que se identificam como policiais militares do Rio de Janeiro estão se multiplicando na Internet.
Em comum, os autores desses blogs se dizem descontentes com a desmoralização da corporação e mostram revolta contra o que consideram promoções políticas dentro dos quartéis e com o descrédito da população com a classe policial.
Policiais afirmam que um dos primeiros diários de PMs a surgir na rede foi do coronel Emir Larangeira, criado há dois anos.
Em 2006, surgiram pelo menos outros cinco blogs de policiais militares do Rio.
Em seus comentários, os policiais comemoram a publicacão do site da PM do Rio de Janeiro, com informações sobre o que acontece na corporação.
Mas aproveitam os diários pessoais na Internet para, sob a proteção do anonimato disparar críticas e reclamações contra situações que sujam a imagem da corporação.
No blog do capitão Luiz Alexandre, um dos mais novos, criado em fevereiro, ele frisa que as opiniões e comentários contidos ali não são dele e alerta: Quem postar ficará sujeito a sanções legais ou administrativas nos casos em que isso se aplique".
E mais: os comentários considerados ofensivos serão deletados para não gerar ações criminais ou disciplinares.
Viva Rio é alvo No "Diário de um policial militar", um artigo não assinado considera um absurdo a proposta de cessar-fogo feita por líderes comunitários, através do Movimento Viva Rio – que ele chama de Viva Bandido.
Em reunião com o comandante da PM, coronel Ubiratan Ângelo, os representantes de favelas apresentaram uma proposta de acordo e se comprometeram a pressionar os traficantes a não atirarem nos policiais.
O blog "Diário de Um Policial Militar" ataca a ONG Viva Rio. "Essa é uma daquelas coisas que me fazem bater a cabeça na parede e me perguntar: por que não pensei nisso antes?!
Eu poderia ganhar o prêmio Nobel da Paz com isso!
Ora, se o bandido não atira, e por sua vez, a polícia não atira, não há tiroteio.
Sem tiroteio, não há chuva de balas perdidas.
Sem balas perdidas, não temos inocentes mortos.
A paz estaria selada nas comunidades!
Eureka!
Bastaria somente convencer as partes conflitantes", diz o artigo.
Já no blog "Projeto 200 anos", um anônimo lamenta a cumplicidade das autoridades policiais com as milícias, principalmente na comunidade de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
O artigo de número 46, de dezembro de 2006, diz que eram freqüentes as visitas à comunidade de policiais de alta patente.
Ataques aos milicianos O blogueiro denuncia também que, sob a segurança das milícias, comandantes de batalhões participavam de festas organizadas na favela pela jornalista Débora Farah e pelo vereador Nadinho.
O site acusa o inspetor Félix Tostes de ser o chefe da milícia naquela região.
E diz que, sob sua segurança, um major teria aberto dentro da favela uma empresa de segurança privada e um tenente-coronel seria responsável pela revenda de gás aos moradores.
Acrescenta ainda que, além dos oficiais da PM, costumavam se reunir, num restaurante, com representantes dos poderes judiciário, legislativo e executivo do Rio.
A maioria dos artigos e comentários nos blogs dos policiais trata da falta de condições ideais de trabalho, baixos salários e, principalmente, sobre a politicagem das promoções e nomeações para cargos de destaque.
São feitas denúncias de irregularidades e ataques pessoais.
Eles funcionam em rede, de tal forma que, a partir de um deles, é fácil ter acesso a outros.