A passeata realizada pelas centrais sindicais do Estado no final da tarde desta segunda (30) poderia marcar um dia histórico para o movimento dos trabalhadores em Pernambuco.
Afinal, essa foi aprimeira vez em que as quatro centrais (CUT, CGT, CGTB e NCST) organizaram uma manifestção conjunta.
Mas o dia imprensado entre um domingo e o feriado, além do tempo chuvoso, diminuiu a força do movimento que, segundo avaliação dos próprios organizadores, reuniu cerca de mil pessoas na saída.
No máximo.
Outro problema são as contradições internas do governo Lula, que deixa as centrais patinando entre um discurso de adesão total e outro de crítica ao presidente. "Essa política econômica do governo traz recessão e desemprego", afirma o presidente da Central Única dos Trabalhadores (Cut-PE) Sérgio Goiana. "A Região Metropolitana do Recife tem mais de 300 mil desempregados e isso se reflete nos índices de violência", avaliou.
Já um folheto distribuído durante a passaeata pela Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), só tem eleogios para o governo. "Conquistamos 6 milhões de empregos.
Acabamos com a fome de 44 milhões de brasileiros.
Conquistamos aumento real dos salários", diz o panfleto. "Somos milhões de Lulas em todo o Brasil".
Para afinar o discurso e retomar seu poder de mobilização, as centrais já estão programando encontros semanais.
O primeiro é nesta sexta-feira (4). "Se antes (do governo Lula) havia mobilização, por que agora não tem mais?", questiona o Diretor de Educação da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), Jorge Mário de Souza.
EMENDA 3 A passeata desta segunda, conduzida por um trio elétrico, saiu às 16h30 da Praça Oswaldo Cruz, em direção à Praça do Carmo, no centro do Recife.
Além de marcar a passagem do primeiro de maio, o objetivo principal da manifestação foi o protesto contra a Emenda Aditiva no. 3 ao projeto de lei que cria a Receita Federal do Brasil.
A emenda retira dos fiscais ligados ao Ministério do Trabalho o poder de questionar irregularidades nas relações entre empresas e empregados.
Com isso, este papel seria exclusivo da justiça trabalhista.
Para os sindicalistas, se aprovada, a emenda diminuiria o poder de fogo dos trabalhadores, que precisariam recorrer à justiça para fazer valer seus direitos.
O presidente Lula vetou a medida e as centrais querem que o Congresso mantenha o veto.
Mas uma corrente no parlamento defende que a emenda 3 seria importante para desonerar as empresas, possibilitando a criação de mais empregos.
Os sindicatos contestam. "Não teremos a criação de empregos, mas a substituição destes por falsas pessoas jurídicas", afirmou Sérgio Goiana, da CUT.
De acordo com ele, haveria um aumento no número de falsos autônomos trabalhando nas empresas, sem a possibilidade de exigir direitos como férias, FGTS, 13o salário e horas extras. "O capital maquina 24 horas por dia contra os trabalhadores", disse Sérgio Goiana. "Só com a mobilização podemos nos defender".