O restaurante Veneza, localizado literalmente no fim da Avenida Bernardo Vieira de Melo, reabiu as portas, com a discrição habitual, mas muito procurado por sua clientela fiel, mesmo em um dia morno para o restante dos mortais como uma segunda-feira.
Oficialmente, o lugar é conhecido como Maison d’Odete.
Nada demais, numa cidade em que motéis são registrados em cartões de crédito como padarias e ou postos de gasolina.
Odete chega por volta das 22h, em um táxi preto, sendo muito festejada pelas meninas.
Na entrada, o repórter Diogo Menezes é solicitado a apresentar sua identidade. “Você não é menor, cara?”.
A própria dona da casa desconfia da sua idade, mais tarde, em um encontro casual. “Já tô cheia de encrenca.
Você tem cara de chave de cadeia”, repete, numa das mesas, dando atenção aos clientes do local.
Desconfiados, os próprios seguranças perguntam ao taxista de onde ‘são esses’.
Nas mesas, a dona da boate esqueceu Inalva Regina (da GPCA) e centrou fogo em Zanelli Alencar, ex-delegado da DPCA, que efetuou sua prisão em 2003 e está hoje na Delegacia de Roubos e Furtos.
Na reestréia, nada de lances ousados.
Um show de música MPB para animar o ambiente, enquanto os clientes começam a lotar a casa noturna, onde fervilham belas e bem produzidas ‘borboletas’. “Fiquem à vontade, temos garotas de Manaus, Rio Grande do Sul, é só escolher”, informa um solícito garçom, cujo nome omitimos.
Aliás, os garçons, em uníssono, defendem a proprietária da casa, quando solicitados a informar o rolo de sua prisão, há 12 dias. “Foi tudo montado para prejudicá-la, lá no Rio Grande do Sul.
Ela é bode expiatório”.
A casa conta com a ajuda dos taxistas e porteiros de hotel para voltar ao normal. É uma cadeia produtiva, como se diria no economês. “Avisa ao povo que tá aberto”, pede um segurança, ao taxista contratado pela equipe de reportagem do JC que foi acompanhar a anunciada reabertura do espaço lúdico.
Até o escândalo, cada um recebia R$ 5 por cliente que levasse ao ‘restaurante’ Veneza.
Nesta retomada, o taxista recebeu R$ 7 por cabeça.
Segundo os porteiros, a fama não deve fazer mal à dona do empreendimento, embora ela tenha anunciado hoje que já teve até que procurar um psiquiatra. “Está melhor agora que ela ficou mais conhecida.
Apareceu na mídia de graça, sem pagar nada”, informaram, sem saber que davam depoimentos a jornalistas. “Diga aí, o que vai ser dos homens (de dinheiro) sem Odete”, questionam. É verdade.
Na porta, muitos clientes nem entram.
Um senhor de idade, em seu carro importado prateado, convida uma loira para passear, sem nem entrar no estabelecimento. “Deixa eu dar um alô para as meninas”, pede.
Deu tchau e saiu!