Da Editoria de Cidades, do JC A Polícia Federal (PF) informou, na manhã desta sexta-feira, que conseguiu evitar cem homicídios, no Agreste de Pernambuco, com interceptações telefônicas realizadas durante seis meses de investigação da Operação Aveloz, responsável pelo cumprimento, até agora, de 29 mandados de prisão em Caruaru, a quilômetros do Recife.
Todas as gravações, que segundo a PF comprovam a intenção do grupo em realizar as execuções sumárias, foram realizadas com autorização judicial.
A quadrilha, composta por empresários, comerciantes e policiais militares, formou uma organização classificada pela Polícia Federal de "homicídios sociedade anônima".
Ontem à noite, a PF liberou trechos dessas escutas, que comprovam a articulação da quadrilha para praticar os homicídios (ver arte).
Em uma das ligações Preto (Rosemário Menezes), acusado de liderar o grupo e que está preso, fala com um homem conhecido como Fernando, referindo-se a um crime. "Já foi resolvido.
Agora Mesmo.
Pode tirar o negócio (dinheiro) aí, que já foi feito." O assessor de imprensa da PF, Giovane Santoro, declarou que, ao conseguirem identificar o acerto de uma morte, os policiais realizaram rondas ostensivas nos locais onde os crimes seriam cometidos. "Em parceria com a Polícia Militar, nossos policiais se dirigiam ao local onde o grupo pretendia executar a vítima e conseguiam evitar o assassinato." Até o fechamento desta edição, às 21h30, agentes federais tentavam cumprir os últimos dois mandados de prisão concedidos pela Justiça.
Para não atrapalhar as investigações, a PF não divulgou os nomes dos foragidos. "Estamos bem pertos de prendê-los.
Eles integram o grupo, mas não não os líderes.
Os principais integrantes da organização criminosa já foram presos.
Em breve, vamos concluir a operação." A PF informou que o grupo cometia 200 assassinatos anualmente.
Numa projeção, o bando teria executado mil pessoas em cinco anos de atuação.
Ontem, mais uma vez a polícia não informou os nomes das vítimas.
Nenhum caso foi apresentado à imprensa. "O cruzamento dos nomes está sendo realizado pela Secretaria de Defesa Social.
Por isso, ainda não divulgamos quem são as vítimas.
Já existem inquéritos instaurados que ligam vários assassinatos ao grupo de extermínio", explicou.
Além dos 31 mandados de prisão, a Justiça concedeu 60 de busca e apreensão.
A polícia solicitou à Justiça quebra de sigilos bancário e fiscal, bloqueio de contas correntes e seqüestros de bens dos suspeitos.
Os crimes praticados pelo grupo começaram a ser investigados há seis meses, com a instauração de dois inquéritos referentes ao tráfico de drogas na região.
Pelo menos dez integrantes do grupo seriam responsáveis diretos pelas execuções.
As vítimas, segundo a polícia, eram rivais de empresários e comerciantes, que contratavam os pistoleiros por valores que variavam entre R$ 1 mil e R$ 5 mil.
As outras pessoas ajudavam escondendo e traficando armas, repassando informações privilegiadas e transportando os assassinos.
Os agentes também apreenderam agendas telefônicas e revólveres.
Sete PMs suspeitos de participação na quadrilha foram presos e encaminhados ao Batalhão Henrique Dias, em Prazeres, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.