O presidente da Associação Brasileira de Transporte de Valores (ABTV), Marcos Paiva, em entrevista exclusiva ao Blog de Jamildo, defendeu a necessidade de atualização da legislação que regula o setor, com a aprovação de um projeto no Senado que permita que as empresas de carros-fortes possam usar armas de maior calibre, para defender-se dos ataques cada vez mais letais dos bandidos.

A legislação que regula o setor é de 1983. “Temos que modificar a lei.

O crime era outro.

As armas eram outras.

Não podemos continuar usando as mesmas armas daquela época”, explicou, citando que o projeto de lei nº 168, do Senado Federal.

No caso, a Polícia Federal só permite que as empresas usem revólver 38 e espingardas calibre 12.

Já os marginais atacam com AR-15 e a metralhadora .50. “Hoje, já temos o maior nível de blindagem do mundo (nível 5, usado em situações de guerra).

Enquanto nós nos especializamos na defesa, eles se especializam no ataque.

Atacam com fuzis AR-15 e a metralhadora .50, que são armas altamente perfurantes.

Já a nossa força tem um reduzido limite de ataque, usando revólver 38 e espingardas calibre 12.

Como podemos reagir a uma AR-15?

Não podemos.

Fica difícil, com o nosso poder de fogo atual”, explicou.

No projeto, as empresas pedem que seja autorizado o uso da arma calibre 22, que tem um tiro de longo alcançe e normalmente é fatal.

Quando acerta o alvo, nem o projétil é localizado.

No plano institucional, as empresas de transporte de valores também defendem que haja maior combate ao contrabando de armas.

Sem iniciativas como estas, os marginais vão continuar causando pânico nas ruas, assaltando os carros-fortes. “É preciso que a polícia não deixe essas armas de grosso calibre entrar no Brasil e circular livremente.

São metralhadoras com capacidade de derrubar até aviões.

Temos notícias de que elas chegam no fundo falso de caminhonetes pelo Sul do Brasil e são espalhadas para todo o Brasil.

Não podemos vencer uma metralhadora .50.

Os marginais sabem disto”, afirmou o executivo.

A entidade terá uma reunião agora à tarde com a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) com o objetivo de pedir ajuda para a atualização da legislação. “A Febraban precisa pressionar e usar seu poder de fogo no Senado.

Somos parceiros nesta atividade e precisamos tomar providências.

Do jeito que está é que não pode ficar.

Daí a necessidade do projeto”, afirmou.

A entidade diz que a medida é inadiável porque, mesmo com o crescimento do uso de cartões plásticos, não haverá diminuição do meio circulante (dinheiro em espécie). “É um problema sério.

Em São Paulo vemos isto todos os dias.

Os bandidos sabem que os bancos não guardam mais dinheiro.

Os bancos estão encastelados”.

Neste momento, a entidade está concluindo um levantamento para apresentar no Senado.

Mais cedo, reportamos que a entidade cobrou maior combate à criminalidade, para reduzir os assaltos ao carro-forte, como o que ocorreu neste manhã no centro do Recife. “A polícia precisa se fazer mais presente e não transferir o ônus para o segmento privado”, afirmou, quando solicitado a explicar o que a população pode fazer para proteger-se, como fizeram os bancos, em todo o país.

Neste momento, a entidade prepara uma cartilha de orientação para a população, com dicas para evitar assaltos em caixas 24 horas.