No programa de governo, o então candidato Eduardo Campos (PSB) prometia buscar desonerar a produção local, para contribuir com o aumento de competitividade das empresas locais.
Ninguém me falou não.
Li o programa.
Na prática, no entanto, a teoria é outra.
Na primeira oportunidade concreta de demonstrar essa propalada disposição, nada foi feito neste sentido, infelizmente.
Agora à noite, depois dos pirotécnicos embates em torno dos 100 dias do início da gestão socialista na Assembléia Legislativa, no mundo real, a Copergás informou às editorias de Economia dos jornais locais que, a partir de 1º de maio, estará aumentando suas tarifas em 17,20% (da Copergás para os postos, sem incluir os 17% dos impostos na bomba e a margem de lucro dos empresários). É bom lembrar que os postos de combustíveis também terão aumento de energia da Celpe agora em abril, como todo pernambucano.
Assim, o aumento, só aparentemente menor do que os 20% anunciados oficialmente pela Copergás, esconde uma maldade com as empresas locais e os clientes do gás veicular, especialmente os taxistas.
Sem necessidade, assim entendo porque a Copergás não tem problemas de caixa, a estatal repassou integralmente os valores absolutos (em reais por metro cúbico) equivalentes a um aumento de 22,31% no preço do insumo cobrado até então pela Petrobras, que representa cerca de 70% de seus custos, conforme antecipou com exclusividade o Blog.
Não satisfeita, a empresa também repassou integralmente a inflação do período de setembro de 2005, data do último aumento, até o mês de março de 2007, mês em que chegou o comunicado da Petrobras anunciando a majoração no insumo.
Grosso modo, só essa variação inflacionária representa um ganho de cerca de 5,5% nas margens de lucro da Copergás.
Esses 5,5% da inflação na margem de lucro representam 1,7% da tarifa total anunciada hoje.
O impacto do insumo da Petrobras representa os outros 15,5% que compõe a tarifa total anunciada hoje.
A Copergás tem o direito de repassar integralmente o efeito inflacionário.
Tem.
Mas o que isto representa?
Com um truque contábil, a estatal conseguiu ampliar sua margem de lucro em cerca de 10% real.
Alguma notícia sobre discussão com a Petrobras, sócia da empresa, aliás, no sentido de reduzir o aumento do insumo?
Não se tem notícia.
Não se cogitou sequer uma redução de ICMS, como foi pensado para a luz, pelo menos na campanha eleitoral?
Não se tem notícia.
Os empresários, que não são bobos, vão reclamar barbaridade.
E com razão.
PS1: Amanhã trataremos da ARPE e Fiepe neste mesmo assunto.
PS2: Veja o que publicamos antes aqui.