O jovem pianista Vitor Araujo falou hoje com o Blog, uma semana depois da polêmica com o maestro Marlos Nobre.

Na semana passada, depois de uma matéria publicada no Caderno C, falando da sua maneira irreverente de tocar ao piano, o maestro desancou o garoto, ameaçando-o até com um processo judicial pelas improvisações na execução de um de seus frevos.

Vitor Araujo diz que não ficou com raiva, mas tomou providências. “Vou deixar de lado a polêmica.

Quero o enfoque para a minha arte.

Vou tirar o frevo dele do meu repertório. É uma pena, mas é a única coisa a fazer.

Eu adorava aquele frevo e sonhava tocá-lo desde os 12 anos.

No lugar, vou colocar Capiba, que é genial.

A música escolhida é de Chapéu de Sol Aberto, linda.

Assisti Vanessa da Mata, no Marco Zero, nos 100 anos do Frevo, com a orquestra do maestro Spock e não tirei mais da cabeça.

O rapaz conta que já esperava por reações exacerbadas. “Uma professora que veio de Miami para uma aula no conservatório já me deu a maior bronca.

Em público.

Acho normal.

Essas pessoas só olham para um lado.

Eu acho que a arte não pode ser estática.

Há uma vertente muito conservadora na música instrumental.

O meu barato, por outro lado, é mesmo a criatividade.

Tocar igual ao que há na partitura eu não consigo.

Não vejo graça.

A arte é mais pura que isto”.

Araújo faz essas observações sem perder a modéstia. “Tem gente melhor do que eu no conservatório” Ele conta que a inquietação nasceu do próprio desconforto com as apresentações que já viu. “Eu ficava cansado.

Não posso deixar o público assim.

Tem que ter um ar mais popular. É uma maneira de tornar mais atrativo.

Se é só reproduzir, coloca um CD lá e deixa as pessoas ouvindo”, desafia.

O que mudou na vida do rapaz após a bronca?

Nada.

Mais ou menos. “Ganhei um adjetivo novo.

Meus amigos só me chamam agora de aspirante Vitor, numa referência ao artigo do maestro.

No mais, recebi muita solidariedade.

Inclusive de pessoas que escreveram aqui no Blog.

Vim aqui pessoalmente agradecer a estas pessoas”.

Na vida profissional, a sua intenção é arrumar um empresário e continuar produzindo.

Neste momento, está fazendo a trilha sonora para o filme Feliciano, à Espera da Última Sessão, produzido pela Cabra Quente Filmes, do cineasta pernambucano Wilson Freire. “É uma experiência legal.

Compor é muito legal”, diz.

Aos domingos, Vitor Araujo apresenta-se no UK Pub, em Boa Viagem, com o grupo Seu Chico.

PS: veja o vídeo do Youtube com a apresentação de Vítor Araújo tocando Miudinho (H.

Villa-Lobos)