O preço do gás natural fornecido pela Petrobras para a Copergás vai subir 22,31% em Pernambuco, a partir do dia 1º de maio.
As empresas clientes do sistema ainda não foram avisadas, mas a portaria da Petrobras que define os novos valores já chegou na Copergás desde o final de março.
Historicamente, a Copergás sempre repassou integralmente o aumento, mas ela pode assumir algum prejuízo para absorver esse impacto em seus custos.
A Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe) já está analisando o reajuste.
A intenção inicial da empresa era elevar o preço do gás já no dia 1º de abril, mas a majoração foi adiada em função dos problemas que a empresa teve que administrar após o anúncio de racionamento para os postos, no dia 19 de março.
Oficialmente, divulgou-se que estaria ocorrendo uma manutenção de rotina.
Na verdade, segundo informações de mercado, sem alarde, a Petrobras estava instalando válvulas de bloqueio em seus dutos, de modo a ampliar o controle sobre a oferta.
A prova é que a estatal teve que mandar fechar as bombas nos postos, em vez de simplesmente deixar de suprir.
Neste dia, com um racionamento anunciado pela TV local, a Copergás bateu recorde de vendas em um único dia, com 1,1 milhão de metros cúbicos vendidos.
Como tratou-se de uma desgraça anunciada, não se viu nenhuma autoridade comemorando o feito.
Eu pelo menos, não vi nenhum release chegando nas redações.
Com esse novo aumento do gás, os preços em Pernambuco ficarão simplesmente iguais aos preços praticados no Sudeste, dependente do gás da Bolívia.
Fala-se que houve pressão forte dos empresários de lá, que estariam reclamando da perda de competitividade, devido a diferença de preços em nosso favor.
Engraçado é que o Nordeste porde perder competitividade e ainda é o último a saber.
No mercado automotivo, com a nova majoração, o gás natural também ficará mais caro do que o álcool.
Tomam na cabeça bonitinho taxistas, empresas convertedoras e os postos de gasolina que apostaram o gás como fonte alternativa.
O último aumento da Copergás para as empresas foi de 11,5%, em setembro de 2005.
Tão alto assim só em dezembro de 2002, quando o gás subiu 22,51%.
No mercado de energia, sabe-se que não há justificativa para um aumento tão elevado, mesmo após a pressão boliviana, a não ser uma tentativa de segurar a demanda.
Com o reajuste de 22,31% dado pela Petrobras, o gás natural já teria que chegar aos postos com uma majoração mínima de 17%, sem os impostos.
Hoje usam o gás natural 75 indústrias, 59 postos de combustíveis e 15 condomínios residenciais.