Por Giovanni Sandes Os portugueses do grupo Teixeira Duarte (TD Hotels), que venceram a licitação para a venda do terreno de 70 hectares conhecido como Casa do Governador, em Porto de Galinhas, parecem não estar cientes de quão ameaçado seu projeto está.

Enquanto a Câmara de Vereadores de Ipojuca é contra a execução de um megaempreendimento turístico-hoteleiro de R$ 250 milhões, com geração de 3 mil empregos diretos, a prefeitura do município faz silêncio e o governo do Estado avalia rever a venda.

Enquanto isso, a TD Hotels finge estar tudo bem.

Isso é o que prova uma nova nota encaminhada pelo grupo para o JC.

O edital da concorrência pública para a implantação do complexo turístico levou cinco anos para ficar pronto.

E ficou disponível na internet.

Os estudos foram iniciados em 2001 e, em 2006, depois de uma primeira licitação, frustrada, um novo processo teve como vencedor o grupo português – o resultado foi anunciado no dia 2 de junho passado.

Mas a homologação demorou quatro meses para ocorrer e assinatura do contrato de venda, que selaria o processo, simplesmente não aconteceu.

A TD Hotels planeja instalar em Porto de Galinhas, no terreno, um complexo com dois hotéis (com 400 e 600 apartamentos, sendo um deles cinco estrelas), um centro de convenções, um centro comercial e um estacionamento.

E, para treinar a mão-de-obra, que, garante o grupo, será preferencialmente de Ipojuca, pretende instalar uma escola de formação de turismo no município.

Ou seja: treinará e contratará gente da cidade.

O secretário de Turismo, José Chaves, conforme publicado há cerca de duas semanas, com exclusividade no Jornal do Commercio, revelou que há um movimento de grandes hoteleiros do Litoral Sul para barrar o projeto.

E falou, com todas as letras, que o Estado já pensa em rever a negociação.

Mas que, diz, a decisão independerá da pressão dos hoteleiros.

O presidente da Câmara de Vereadores de Ipojuca, Nem Batatinha, é totalmente contra o empreendimento. “É preciso um oceanário, um parque ou um centro de artesanato, mais um estacionamento”, diz o vereador.

Na visão dele, somente esses projetos podem ultrapassar a marca de 3 mil empregos, “somando os diretos com os indiretos.” Acontece que o projeto dos portugueses garante os 3 mil, diretamente.

Fora os impactos indiretos.

E Batatinha diz que os dez vereadores da Câmara têm a mesma avaliação.

Na prefeitura, o atual secretário de projetos especiais, Fernando Jordão, que será nomeado secretário de Turismo assim que a pasta for oficialmente criada (o projeto está tramitando na Câmara), preferiu não tecer comentários.

Ele foi um dos responsáveis, no governo Jarbas/Mendonça Filho, pela formatação da licitação.

O prefeito, Pedro Serafim, também não se pronuncia.

Enquanto isso, da Europa, a íntegra da nova nota da empresa, assinada pelo porta-voz José Pedro Cobra Ferreira: “Uma vez que o processo em causa cumpriu integralmente todos os aspectos legais, administrativos e processuais e, sendo reconhecida a valia que o projecto irá trazer para o Estado e a população de Pernambuco, bem como a vontade, capacidade e disponibilidade imediata da Teixeira Duarte em concretizar o mesmo, julgamos que a demora verificada nestes últimos tempos se deverá unicamente ao facto de os novos responsáveis políticos se estarem a inteirar dele e a proceder à respectiva análise das suas muitas valias”, afirma. “Aliás, a Teixeira Duarte tem contribuído e continua disponível, para prestar todos os esclarecimentos e colaborar com os actuais membros do governo, com quem tem mantido diversos contactos e reuniões - por sinal bastante cordiais.

Assim, creio que a idéia de que ainda não havíamos contactado o actual governo terá resultado de um mal entendido da nossa conversa telefônica ou de uma idéia errada que tem sido referida em alguns meios de comunicação e que, por vezes, leva a especulações infundadas e desnecessárias.

Aguardemos, pois, com serenidade, que tudo se resolva rápido e bem."